Conheci dona Maria do Espírito Santo, mais ou menos, uns quatro anos atrás. Ouvi atentamente ela dizer de sua luta diária contra poderosos madeireiros que estavam dizimando o PA Agroextrativista Praialtapiranheira, em Nova Ipixuna, sudeste do Estado.
Ouvi aquela mulher clamando por segurança para si, para seu esposo e para todos os camponeses que se opunham àquela prática criminosa.
Exemplo do que fazia o beija-flor, tentando apagar o incêndio na floresta, apenas com água que levava no seu bico, dona Maria do Espírito Santo e seu José Cláudio fizeram o que puderam.
Como uma voz que clama no deserto, eles procuraram a Imprensa, a polícia, o governo do Estado, a igreja, tudo. Não adiantou.
Ontem, dia 24 de maio de 2011, foram assassinados na porta de sua humilde casa, dentro da reserva que escolheram para morar e defender.
Morreram porque tomaram para si uma obrigação que deveria ser do Estado e não cobraram nada por isso.
Morreram porque este mesmo Estado lhe virou as costas.
Morreram não pelas balas do infeliz que tem coragem de atirar em idosos. Mas pela conivência de quem governa.
Será que ninguém é capaz de perceber que este mundo em que vivemos está de pernas para o ar, de cabeça para baixo, pelo avesso, destorcido, desconsertado, desgovernado, perdido...