terça-feira, 29 de maio de 2012

Alpa: Produção deve começar dentro de 5 anos


Mesmo que o governo federal cumpra sua parte – o que até agora ainda não aconteceu – a Aços Laminados do Pará (Alpa) só deve começar sua produção em Marabá entre o final de 2017 e o início de 2018.
Isso ocorre porque a siderúrgica só começa a ser implantada quando o governo federal iniciar a construção da Hidrovia Tocantins Araguaia, com o derrocamento do canal do Lourenção, o que só deve ocorrer em meados do ano que vem (2013) ou até mesmo em 2014. E todo o processo de implantação da Alpa vai durar quatro anos, até que os primeiros aços laminados sejam produzidos.
Essa informação foi repassada a jornalistas de Marabá e de Belém, durante reunião na terça-feira (29), na sede da Mineradora Vale, no Rio de Janeiro (RJ).
Participaram do encontro com os jornalistas, o diretor global de Siderurgia, Aristides Coberllini; o diretor-presidente da Alpa, José Carlos Gomes Soares; o gerente geral de Projetos Siderúrgicos, Dimas Bahiense; e a coordenador executiva da Alpa, Daniella Barros Queiroz.
A conversa foi franca. Os executivos da Vale não fixaram um prazo para que a usina entre em operação, mas voltaram a afirmar que a Alpa será implantada, sim. Deixaram claro, porém, que o “Marco Zero”, a partir do qual serão contados quatro anos para que a siderúrgica comece a produzir, é a construção da hidrovia.
O tão propalado canal de navegação pelo Rio Tocantins, entre Marabá e Vila do Conde, é fundamental para a viabilidade da Alpa porque servirá não apenas para escoar a produção da usina, mas em primeiro lugar é por lá que chegará o carvão mineral que vai alimentar a usina (vindo provavelmente da Austrália ou de Moçambique, onde a Vale mantém minas desse tipo de carvão).
Os executivos da Vale exibiram um mocrocronograma geral do projeto para provar que tudo que estava ao alcance da Vale já foi feito. Resta agora a contrapartida do poder público.
Prova disso é que a Vale já investiu até aqui US$ 296 milhões na Alpa (divididos entre estudo de viabilidade, engenharia básica, ações sociais e ambientais, custeio da Vale e principalmente em terraplenagem).
“Para a Vale, esse projeto (Alpa) é irreversível”, sentenciou Aristides Corbellini, acrescentando que a Vale só não iniciou ainda a implantação da siderúrgica porque é difícil convencer o Conselho da Administração da empresa a investir US$ 5 bilhões num lugar onde ainda não existe via para escoamento de produção e tampouco para passagem do carvão. Ou seja: tudo depende da hidrovia.

Quando a hidrovia começa a ser feita?
Não existe uma data prevista para início do derrocamento do Pedral do Lourenção e alguns trâmites legais precisam ser cumpridos.
Primeiro é preciso ser concluído o projeto executivo, que está sendo feito pela Vale, ao custo de R$ 19 milhões. A previsão é de que este projeto fique pronto até o final deste ano.
Depois disso, começa outro estágio, que é colocar esse recurso dentro do Orçamento da União. Feito isso, será aberto o processo licitatório. E só então começa a obra, que está estimada em torno de R$ 360 milhões.
É possível que todo esse processo dure menos de um ano, desde que nenhuma empresa que porventura perder a concorrência pública (licitação) não recorra à Justiça, pedindo novo processo licitatório.

E o porto como fica?
Quase tão importante quanto a hidrovia é o porto público que precisa ser construído pelo governo do Estado. Mas, quanto a isso, os representantes da Vale se mostraram menos preocupados. “Não temos nenhuma reclamação contra o governo do Estado”, comenta José Carlos Soares.
O porto deve sair a um custo de R$ 70 milhões. Só o projeto executivo deve custar R$ 6 milhões.

Lote 11 não preocupa a Vale
A situação do Lote 11 parece não preocupar os representantes da Vale. Conforme já divulgado anteriormente, o Lote 11 é uma das propriedades particulares localizadas na área em que está sendo construída a Alpa e que foram desapropriadas, mas o dono não aceitou os valores oferecidos pelo governo do Estado.
Sobre o assunto, Corbellini disse não se preocupar com essa situação e considerou que isso faz parte do processo. Ele disse ter plena confiança de que – mais dia menos dia – a Procuradoria Geral do Estado vai conseguir resolver essa questão junto com o Poder Judiciário e o proprietário da área.
Diferente dos demais lotes que foram desapropriados para a construção da Alpa, o Lote 11 detém uma jazida de água mineral. Por isso o dono da área, empresário Eduardo Barbosa, não concordou com o valor oferecido, que foi de R$ 3 milhões. Ele entende que, pela concessão da jazida, dada a ele pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), o terreno só pode ser desapropriado por R$ 60 milhões.
Barbosa conseguiu decisão favorável na Justiça, que impediu a imissão de posse para a Alpa. O Estado recorreu.

Poder público atrasou início da implantação
Em nenhum momento, durante a reunião com os jornalistas, os executivos da Vale criticaram os motivos que levaram o governo federal a atrasar o início da construção da Hidrovia Tocantins Araguaia. Mas, por outro lado, deixaram claro que a responsabilidade pelo atraso é do poder público.
Pelo macrocronograma feito pelo próprio governo federal, a Alpa deveria entrar em funcionamento já em maio do ano que vem (2013). Mas isso – obviamente – não vai ocorrer exatamente porque o governo removeu do PAC-2 os recursos destinados à hidrovia.
Ainda de acordo com a projeção inicial, o derrocamento do Pedral do Lourenção (um trajeto de 43 km) era para ter começado em dezembro de 2008.
De todo modo, na última reunião entre representantes da Vale e o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, foi entregue uma minuta, relatando todos os investimentos da Vale em relação à Alpa e aguardando uma solução para a abertura da hidrovia Tocantins Araguaia.

GERAÇÃO DE EMPREGO
Na fase de implantação do projeto, que inicia logo depois que começar a ser aberta a hidrovia, serão gerados 12 mil empregos diretos no canteiro de obras.
Quando a siderúrgica entrar em operação serão gerados 3 mil empregos diretos e aproximadamente 12 mil indiretos.

VALE NA SIDERURGIA
Outro ponto que confirma o interesse da Vale em implantar a Alpa em Marabá é que atualmente a empresa opera vários projetos siderúrgicos pelo mundo que totalizam US$ 22 bilhões.
Eles irão somar 18,5 milhões de toneladas por ano à produção siderúrgica nacional, que em 2010 foi de 32,8 milhões de toneladas de aço bruto, segundo informações do Instituto Aço Brasil.
A estratégia de longo praz da Vale na siderurgia é promover o setor no Brasil, criando demanda adicional ao minério de ferro, agregando valor e gerando riqueza e desenvolvimento no País.
Entre as siderúrgicas que a Vale está envolvida está a Tyssenkrupp CSA Siderúrgica do Atlântico, no Rio de Janeiro; a CSP (Companhia Siderúrgica do Pecém), no Ceará; a CSU (Companhia Siderúrgica Ubu), no Espírito Santo; e a Califórnia Steel Industries (CSI), na Califórnia (EUA).

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Desenvolvimento para quem?


Não sei se é impressão minha, mas nas últimas semanas a Usina de Belo Monte tem tomado grande espaço nas redes sociais e nos vários meios de comunicação que dizem manter o cidadão informado.
Não restam dúvidas de que a energia elétrica é limpa e barata e que essas usinas praticamente não deixem resíduos poluentes. Além disso, a demanda por energia é grande no País.
Tudo isso é motivo para nos fazer crer que esse negócio de usina hidrelétrica é uma boa, ainda mais no caso de Belo Monte, até porque, ao contrário do que dizem por aí, a área a ser alagada em Altamira não é uma grande reserva natural intacta como dizem. O local está mais do que antropizado.
Para mim, o problema de Belo Monte é o mesmo de quase todos os grandes projetos nesta república federativa: uma minoria vI e beneficiar muito.
É assim: a usina vai ser construída e nossas faturas mensais continuam altíssimas e a energia que chega a nossas casas é de má qualidade.
Sem contar com o fato de que os expropriados vão passar décadas para receber aquilo que têm direito.
Sem contar com os problemas sociais que vão ficar entranhados na área de influência do projeto.
Leu atentamente? Então você já sabe minha opinião.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

A poluição das placas oficiais

Que a prefeitura de Marabá vem intensificando algumas obras nos últimos dias, não há quem negue. Mas a quantidade de placas espalhadas na cidade, dando publicidade a essas obras, não seria assim uma poluição visual? É o que perguntam muitos condutores de veículos. Eles se dizem incomodados com o obstáculo na hora de dirigir.

O mau cheiro sem fim


Leitores do blog entraram em contato comigo para reclamar de um problema recorrente, que parece até sem solução: o mau cheiro exalado pelo curtume do frigorífico JBS, em Marabá. Entre o final da tarde e o início da noite, a situação ficou praticamente insuportável nos bairros Novo (e Belo) Horizonte. Com a palavra, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Colônia Z-30: Por que os pescadores brigam tanto?

O último domingo mostrou um pouco do que os homens são capazes de fazer pelo poder. Dois pais de família, com idade de serem avôs, foram quase aos tapas durante assembleia do pescadores da Colônia Z-30 em Marabá.
No centro da disputa está obviamente o controle da entidade.
De um lado do corner o atual presidente que está no poder há nada menos de 26 anos. Nesse período, angariou a simpatia de um grupo considerável de pescadores, mas a também a antipatia de um número igualmente grande de profissionais da pesca.
Do outro lado do ringue, o desafiante, que se vestiu de coragem rara para encarar um adversário duro de ser batido. Pouca gente sabe que por trás do desafiante está um grupo político fortíssimo e que tem interesse em assumir o controle da Colônia Z-30.
Mas o que tanta gente pode querer com uma colônia de pescadores cheia de associados pobres?
Pois bem, pasme: a Colônia de Pescadores Z-30 tem uma fábrica de gelo (que muitos chamam de fábrica de dinheiro) e ainda um estacionamento que lota em período de veraneio.
Está explicado.
Então, senhores! Calcem as luvas, coloquem os protetores bucais, cumprimentem-se e vamos à luta. Vale tudo!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Se a moda pega...


Em Alagoas, o prefeito e todos os vereadores da cidade de Rio do Largo estão com prisão decretada pela Justiça. Alguns já estão presos e todos foram acusados de vender terreno público a preço de banana. Três empresários acusados de envolvimento na tramoia são de Redenção, no Pará, onde não se fala de outra coisa nas últimas horas.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Sem Tempo Futebol Clube

Frente colada na traseira e vice-versa;
Moto passando por cima da calçada;
Menino vestido de estudante driblando motos e carros;
Gente suada debaixo do ar-condicionado;
Caminhonete maltratando meio-fio;
Ambulância gritando na passagem;
Faixa de pedestres sucumbida pela pressa;
Fila imóvel de carros e motos à distância;
Guardas de marrom acenando;
Árvores inertes assistindo a tudo e se rindo de nós;
Carro com a frente amassada na traseira do outro;
Sangue de motoqueiro derramado na pista;
E o relógio que não pára.
Tem sido assim a rotina estressante de quem viaja pelo trecho duplicado da Rodovia Transamazônica em Marabá.
Todos pedem calma: o agente de Trânsito, o prefeito, o promotor... mas o relógio não pára.
Todos pedem calma, mas o relógio não pára.
Todos pedem, mas o relógio...
O relógio...
O maldito relógio...

terça-feira, 15 de maio de 2012

Rodovia Transamazônica é interditada

Desde as 6 horas da manhã de hoje a Rodovia Transamazônica está interditada na altura da localidade de Cajazeiras, município de Itupiranga, a 70 km de Marabá.
Líderes políticos e comunitários estão à frente da manifestação. Eles cobram celeridade do governo federal no asfaltamento da rodovia.
Neste período de inverno amazônico, vários trechos da Transamazônica ficam praticamente intrafegáveis.

PF na Prefeitura de São Domingos

Agentes da Polícia Federal chegaram hoje cedinho à Prefeitura de São Domingos do Araguaia. Eles estão cumprindo mandado de busca e apreensão de documentos que possam comprovar possível desvio de recurso público.
Chegou a ser veiculada a informação de que o prefeito Jaime Modesto da Silva teria sido preso, mas isso não foi confirmado, por enquanto.
Esta não é a primeira vez que a PF faz uma devassa na Prefeitura de São Domingos.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

"21 gramas"

Que mistério é esse chamado vida? Chamado morte?
O que é esse arzinho, esse fôlego que entra e sai?
O que é esse viço que faz o olho brilhar e quando some já era?
Que coisinha é essa que fica passeando pela gente, fazendo o olho enxergar, a boca falar, o cérebro pensar, as pernas mexerem?
Quem sabe dizer o que tudo isso quer dizer?
Há teorias de sobra, mas só há isso e mistério.
E o que se leva da vida? Para que fazer planos, se tudo pode ser cancelado, rompido pelo mal irremediável?
As contas pra pagar, a casa por pintar, os filhos pra criar, o netinho para visitar, o carro novo pra comprar, aquela viagem que nunca fiz, aquele restaurante que nunca visitei, o beijo que não roubei, aquele amigo de quem tenho saudades e desejo vê-lo, mas nunca tive tempo para isso... Nada.
Tudo fica para trás.
Por isso é essencial que a gente seja gentil com qualquer pessoa, afinal cada lembrança guardada na retina pode ser a última imagem, a última impressão, e eu acho que é isso que importa. Afinal tudo acaba no instante em que aquele folegozinho te abandona, sai pela última vez de seus pulmões, vai embora e não volta mais. Aquele arzinho invisível que alguns dizem pesar 21 gramas.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Morre Paulo Tarço


Na madrugada desta quinta-feira (10), em Belém, morreu Paulo Tarço de Oliveira Campos, que atualmente ocupava o cargo de gerente comercial do Diário do Pará em Marabá. Um grande amigo. Lutava contra um câncer.
Paulo trabalhou na Vale durante muitos anos e depois passou para o ramo imobiliário (era dono de muitas quitinetes e apartamentos em Marabá).
Paulo Tarço foi um dos principais responsáveis pela expansão do Diário em Marabá e no sul e sudeste do Pará.
Foi por meio dele que comecei a escrever para o Diário.
É isso, não sei o que dizer.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Fui condenado e nem sabia

É estranho, mas fiquei sabendo só agora pela manhã que a Justiça condenou a mim e a outros quatro colegas (blogueiros e jornalistas) num processo movido pelo prefeito Maurino Magalhães, no caso de uma foto montagem do prefeito, que é comparado ao chefe da propaganda nazista, Joseph Goebbels.
Duas coisas:
Primeiro) É estranho eu ter ficado sabendo através da Imprensa. O correto seria o Poder Judiciário nos comunicar oficialmente antes de ser veiculado em qualquer lugar.
Segundo) Na decisão o juiz César Lins confirma que nós estávamos corretos ao dizer que o prefeito fez propaganda enganosas. Mesmo assim, fomos condenados por causa de uma cruz suástica que aparece na roupa do prefeito Maurino Magalhães (na montagem que foi feita).
Como diria o poeta: "Essa Justiça desafinada é tão humana e tão errada".
Os outros amigos que foram condenados, mesmo dizendo a verdade, são Ademir Braz, Laércio Ribeiro, Ribamar Ribeiro Jr. e Netto Marabá.
É óbvio que vamos recorrer.
É isso.


sexta-feira, 4 de maio de 2012

Será por quê


Sentadinho lá no fundo do auditório do Campus I da UFPA, durante a audiência pública sobre a Unifesspa, fiquei acompanhando os discursos de gente que mora em cidades desta região. Eles falaram basicamente a mesma coisa: vivem em cidades ricas, mas de gente pobre.
Uma coisa em comum a exploração mineral nessas áreas.
Tudo isso é muito estranho porque as cidades que não receberam os “investimentos” da Vale estão devidamente lascadas.
Mas, ao mesmo tempo, naquelas cidades que tiveram a “sorte” de nascer sobre reservas minerais, a maior parte da população continua imersa numa miséria profunda.
Qual é a lógica disso tudo?
Pior é que as críticas foram muitas contra a Vale durante a audiência, mas quando o professor Wanderley Padilha disse assim: “Vamos reestatizar a Vale?” deu pra ver no semblante de muitos que ninguém quer que isso aconteça. Será por quê?
É isso:
“Ossos do office-curumim
Dança o povo negro
Dança o povo índio
Sobre as roças mortas de aipim”