O comércio se agita na proximidade de mais um Dia das Mães, considerada a segunda melhor data para vendas no mundo (perde só para o Natal).
As famílias se movimentam; a escolha dos presentes é criteriosa; os pais compram os regalos para os filhos pequenos agraciarem suas madres; os comerciários fazem hora extra; os patrões crescem os olhos e compram cofres maiores; tudo muda... ou quase tudo.
Alheios a este frisson, de carros de som, bandeiras e cartazes, os filhos sem mãe e as mães sem data ainda mendigam nas calçadas, indiferentes ao segundo domingo de maio ou ao que ele representa.
Não há motivo para festa; não há brinquedos nem comida na mesa; não há mesa.
É proibido comemorar nas calçadas, nos lixões e nos casebres que alimentam de tristeza e realidade as periferias do mundo.
Para os 16 milhões de brasileiros que vivem na mais completa miséria, o segundo domingo de maio é só mais um dia de fome e desesperança, longe das mesas egoístas e obesas do nosso mundo virado pelo avesso.