Não foi o choro dos covardes, dos que se escondem atrás de armas e mandam matar camponeses indefesos.
Não foi o choro dos donos de grandes propriedades, que proíbem a vida nas suas terras cheias de cercas e de gado.
Não foi o choro dos que criminalizam os humildes, exatamente os humildes, aqueles a quem Jesus disse que herdariam a terra.
Não foi o choro dos que contratam almas vazias para arrancar orelhas de gente morta.
Não foi o choro dos que ordenam a fome nas mesas alheias.
Não foi.
Foi o choro dos que constroem “versos de barricada”.
Dos que, a despeito de saberem que estão prestes a morrer, suam gotas de sangue, mas não arredam o pé do caminho.
Foi o choro dos bons, dos que sabem ler o mundo e ainda assim remam contra a maré.
Não há vergonha nesse choro.
O poeta não chora só por si ou pelo futuro que o aguarda. Chora pelos pequeninos, pelas almas desamparadas, proibidas de existir num país onde tanto se fala em liberdade.
“O que é? O que é? Clara e salgada, cabe num olho e pesa uma tonelada?”