Em
meio a ruas cobertas de entulhos, de asfalto esburacado e urubus passeando pelo
lixo à beira das casas e do matagal, um menino anda com a mochila nas costas
querendo chegar à escola, mas o ônibus demora.
O
coletivo é lotado, empoeirado, cheio de gente mal humorada que reclama de
salários atrasados.
Deitada
num dos bancos, uma mulher idosa com o braço quebrado e sem gesso. A corda que
sustenta o membro machucado é suja, assim como os esparadrapos.
O
menino nem liga; olha pela janela e avista a fumaça que encobre o verde
preservado no centro urbano.
O
passeio é bom, apesar da atmosfera não ser das melhores.
Ele
está quase chegando à escola, mas a viagem parou. Há homens e mulheres no meio
da pista, interditando a rua.
Uns
esbravejam, outros olham no relógio; tem gente que desce do ônibus e segue a pé.
Ele também vai.
Mais
um dia de estudos na escola de muros quebrados, lousa manchada e uma professora
que só sabe reclamar.
À
noite ele reclama também:
-
Mãe, não consigo enxergar direito o que a professora escreve no quadro.
-
Se preocupa não, meu filho, amanhã vamos ao posto de saúde fazer um exame de
vista.