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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O passeio


Em meio a ruas cobertas de entulhos, de asfalto esburacado e urubus passeando pelo lixo à beira das casas e do matagal, um menino anda com a mochila nas costas querendo chegar à escola, mas o ônibus demora.
O coletivo é lotado, empoeirado, cheio de gente mal humorada que reclama de salários atrasados.
Deitada num dos bancos, uma mulher idosa com o braço quebrado e sem gesso. A corda que sustenta o membro machucado é suja, assim como os esparadrapos.
O menino nem liga; olha pela janela e avista a fumaça que encobre o verde preservado no centro urbano.
O passeio é bom, apesar da atmosfera não ser das melhores.
Ele está quase chegando à escola, mas a viagem parou. Há homens e mulheres no meio da pista, interditando a rua.
Uns esbravejam, outros olham no relógio; tem gente que desce do ônibus e segue a pé. Ele também vai.
Mais um dia de estudos na escola de muros quebrados, lousa manchada e uma professora que só sabe reclamar.
À noite ele reclama também:
- Mãe, não consigo enxergar direito o que a professora escreve no quadro.
- Se preocupa não, meu filho, amanhã vamos ao posto de saúde fazer um exame de vista.