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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A pobreza globalizada


Sete anos atrás, num começo de noite fria, passeava pela Avenida Bernardo de Irigoyen, bem no centro de Buenos Aires, e vi uma família inteira se preparando para dormir sob a marquise de um grande prédio.
Olhei para as pessoas em volta e percebi que ninguém dava a mínima para aquele pequeno grupo de gente se acomodando debaixo de papelões para encarar o frio argentino, que se principiava naquele abril sonolento.
Todo mundo passeava com seus casacos e sobretudos. Aí me dei conta de que eu também não parei. É mesmo: continuei meu caminho, nem chorando, nem sorrindo e viajando naquela cena.
De tanto pensar naquilo, perdi até o rumo do hotel e vaguei preocupado por alguns minutos.
Mas, sabe de uma coisa, aqui em Marabá, sete anos depois, o que se vê é que o espaço dos caixas eletrônicos dos bancos, os terminais rodoviários, os prédios abandonados e muitas marquises também têm servido de casa pra gente que não tem lenço nem documento.
O exemplo da Argentina é só pra mostrar que, por mais que as culturas sejam diferentes neste mundo louco, a miséria, a concentração de renda e a falta de zelo pelo semelhante são algo comum, cruelmente globalizado.