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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Moro num lugar comum

A mortandade que assola ao meio-dia parece que bate com luva de pelica na cara da sociedade. Ninguém sente o baque.
Crianças fedendo como animais, dormindo sobre caixas de papelão desmanchadas e tudo parece normal.
Virou cartão postal na Rodoviária de Marabá; virou símbolo, mas não apenas de Marabá, esta “terra bendita” de onde manam leite e mel.
O menino que dorme na rua e se alimenta das migalhas que caem das escassas mesas fartas é o emblema mais cruel e real de um mundo sem dono, sem rédeas, sem escrúpulo e sem limite.
Enquanto alguns são escravos das marcas que enfeitam camisetas de algodão comum, outros são escravos da fome, companheira vigilante de todo dia.
Só existem crianças comendo de menos porque há outras comendo demais.
É uma equação, até certo ponto, simples de formular, mas difícil de resolver porque existem incógnitas que cumprem muito bem o seu papel.
Ninguém sabe dizer, ao certo, por exemplo, quando foi que começamos a achar normal que uns morressem de inanição enquanto jogamos comida fora.
E enquanto discutimos aqui, mais uma criança de roupas rasgadas e pés descalços “passeia” anestesiada pelo crack em busca de comida, amargando mais um dia de miséria.
Talvez você deva estar pensando que esse problema “não tem jeito mesmo”.
Mas... e se fosse seu filho?