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terça-feira, 27 de março de 2012

Grupo espanhol ameaça Alpa/Aline

Depois do anúncio feito pela ministra Miriam Belchior de que o governo federal vai construir a Hidrovia Tocantins-Araguaia, os outros dois gargalos para a implantação da Alpa (a pendência judicial do Lote 11 e o desvio da Rodovia Transamazônica) são considerados problemas pequenos, até pelo volume de recursos envolvidos. Existe um desafio muito maior ainda pela frente chamado “Hierros Añon”.
Trata-se de um grupo espanhol, que está instalando uma usina que produzirá, na primeira etapa, aços longos para a construção civil; e na etapa seguinte, aços planos para automóveis, geladeiras e fogões.
Qual é o problema disso? O problema é que as regiões Norte e Nordeste do País dificilmente terão capacidade de comportar duas empresas de laminação de grande porte. No caso, a “Hierros Añon” (Ceará) e a Alpa/Aline (em Marabá-PA).
As notícias sobre esse novo investimento em Marabá ainda são escassas. Mas a reportagem apurou que a empresa espanhola (que agora controla a Siderúrgica do Pecém S/A) se implantará em terreno de 148 hectares no distrito de Primavera, em Caucaia, nas margens da Rodovia BR-222.
As obras começarão provavelmente no mês de julho, que é quando deve ser emitida a Licença de Instalação pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Ceará.
O engenheiro Luiz Eduardo Barbosa de Moraes, presidente executivo do grupo, informou à Imprensa cearense que o investimento será de R$ 1 bilhão.
Tal empreendimento, se confirmado, seria concorrente direto do Projeto Aline, tocado pela Sinobras, que vai produzir laminados (a quente e a frio) e galvanizados, tendo como matéria-prima as placas fornecidas pela Alpa.
Sobre este assunto, a Assessoria de Comunicação da Sinobras disse que não tem conhecimento oficial sobre a chegada do grupo espanhol e reconheceu que o Norte e o Nordeste do País são pequenos demais para dois empreendimentos desta natureza.
Da mesma forma, a mineradora Vale, por meio de sua Assessoria de Imprensa, disse que não tem conhecimento do investimento espanhol no Ceará e afirmou que o projeto Alpa está mantido em Marabá.
Em entrevista à Imprensa, Ítalo Ipojucan, presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá (Acim), disse que a instalação dessa planta é apontada pelo governo cearense como essencial para consolidar um polo metal mecânico por lá.
Ainda segundo ele, nesse investimento o Ceará terá 10% de participação no empreendimento. “O projeto já está pronto, suas obras previstas para iniciar ainda este ano e conta com um significativo pacote de incentivos do governo cearense”, afirmou Ipojucan.
Ítalo tem audiência marcada com o governador Simão Jatene para os próximos dias. Ele pretende pedir apoio do governo do Estado no sentido de agilizar as ações necessárias para ajudar a viabilizar o polo metal mecânico de Marabá, antes que o empreendimento no Ceará tome a dianteira. “A celeridade é em virtude desse fato ameaçar seriamente nossas pretensões”, afirmou.