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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

José, para onde?

E para onde mais iriam os sem-terra despejados de fazendas ocupadas nesta região, senão para o Incra de Marabá?
Sem emprego, sem casa, sem comida e cheios de nada ter, voltaram para os arredores do barracão figurativo onde nada se resolve. Foi isso que aconteceu.
Arrancados dos acampamentos miseráveis, onde comiam poeira e bebiam lama à espera duma resposta que nunca chegou quando mais se precisou dela, os sem-terra calçaram seus chinelos sujos de chão e de tanto andar e se instalaram no meio da rua, que não foi feita para isso.
Fugiram de debaixo da botina dos policiais que fere a alma de humilhação e se lançaram na fila dos sem-nada. Foi isso que os sem-terra fizeram.
Agora – pode apostar –, na medida em que outras famílias forem despejadas das invasões pela força coercitiva do Estado, vão fazer caminho até o Incra, para pressionar o Estado a enxergá-los como gente, que são.
Se não forem ouvidos – e isso é coisa lógica de acontecer – sentirão raiva do mundo, armar-se-ão de porretes e apontarão para as nossas cabeças.
E nós não lhes poderemos querer mal por isso.