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quinta-feira, 18 de junho de 2020

Advogado de Bolsonaro tinha ligações com seita acusada emascular meninos de Altamira



O advogado Frederick Wassef, que escondia em sua casa o então foragido Fabrício Queiroz (preso nesta quinta-feira, 18), teve ligações com a seita que, entre os anos de 1992 e 1993, foi acusada de emascular crianças em Altamira, aqui no Pará.
Fred, como é conhecido, é o advogado do presidente da República, Jair Bolsonaro, no rumoroso caso da facada.
O envolvimento de Frederick Wassef com a quadrilha que matava crianças e cortava seus órgãos genitais no início dos anos 90 foi revelado em uma transmissão no canal da Revista Fórum, no Youtube, pelo jornalista Renato Rovai.
Frederick Wassef prestou depoimento à Polícia Civil no dia 14 de outubro de 1992. Na ocasião ele disse que se aproximou de uma seita após ler livro chamado “Deus, a grande farsa”, escrito por Valentina de Andrade, que seria a líder dessa seita satânica. Mas o caso investigado na época dizia respeito à morte de outras crianças na cidade de Guaratuba, no Paraná.  
Ainda no depoimento, Frederick confessou ter curiosidade de entrar na seita e, após a leitura do livro, passou a trocar correspondências com Valentina ao longo de três anos, mas ele negou ter feito parte do grupo que aterrorizou as famílias de Altamira. Ele não chegou a ser indiciado.
Ganhou destaque
Mesmo com essa sombra no passado, Frederick Wassef ganhou destaque na área do Direito e no atual governo ganhou muita visibilidade ao advogar para Flávio Bolsonaro, filho do presidente, e também para o próprio Bolsonaro pai. Mais que isso, Frederick integrava a agenda oficial do presidente, inclusive esteve presente na posse do novo ministro das Comunicações.
Em setembro de 2019, ao ser perguntado sobre o paradeiro de Queiroz, Frederick Wassef respondeu, de forma cínica, que Queiroz não estava sumido, mas que não sabia onde ele estava, pois não era seu advogado. Àquela altura, Queiroz já estava há cerca três meses escondido na casa do advogado, em Atibaia (SP), pois descobriu-se agora que Queiroz passou um ano escondido lá.
Emasculados
Sobre o caso dos meninos emasculados em Altamira, trata-se de uma série de assassinatos tendo como vítimas meninos com idade entre 8 e 14 anos. Esses meninos foram sequestrados, mutilados e mortos entre os anos de 1989 e 1993. De acordo com a justiça do Pará, os crimes foram cometidos durante rituais de satanismo e magia negra promovidos pela seita “Lineamento Universal Superior”.
Mas há também a possibilidade de que as crianças eram vítimas de uma quadrilha que vendia órgãos. Ao todo, sete pessoas foram presas, entre elas Valentina de Andrade e dois médicos.
O saldo de toda essa monstruosidade foram seis meninos assassinados, cinco estão desaparecidos até hoje e três conseguiram escapar com vida, mas foram emasculados pelos criminosos.
Passados quase 30 anos, se descobre que o advogado do presidente da República manteve uma estreita relação durante três anos com a mulher apontada como líder dessa ação monstruosa.
(Chagas Filho)