O
advogado Frederick Wassef, que escondia em sua casa o então foragido Fabrício
Queiroz (preso nesta quinta-feira, 18), teve ligações com a seita que, entre os anos de 1992 e 1993, foi acusada de emascular crianças em Altamira, aqui
no Pará.
Fred,
como é conhecido, é o advogado do presidente da República, Jair Bolsonaro, no rumoroso
caso da facada.
O
envolvimento de Frederick Wassef com a quadrilha que matava crianças e cortava seus
órgãos genitais no início dos anos 90 foi revelado em uma transmissão no canal
da Revista Fórum, no Youtube, pelo jornalista Renato Rovai.
Frederick Wassef prestou
depoimento à Polícia Civil no dia 14 de outubro de 1992. Na ocasião ele disse
que se aproximou de uma seita após ler livro chamado “Deus, a grande farsa”,
escrito por Valentina de Andrade, que seria a líder dessa seita satânica. Mas o caso investigado na época dizia respeito à morte de outras crianças na cidade de Guaratuba, no Paraná.
Ainda
no depoimento, Frederick confessou ter curiosidade de entrar na seita e, após a
leitura do livro, passou a trocar correspondências com Valentina ao longo de três
anos, mas ele negou ter feito parte do grupo que aterrorizou as famílias de
Altamira. Ele não chegou a ser indiciado.
Ganhou destaque
Mesmo
com essa sombra no passado, Frederick Wassef ganhou destaque na área do Direito
e no atual governo ganhou muita visibilidade ao advogar para Flávio Bolsonaro,
filho do presidente, e também para o próprio Bolsonaro pai. Mais que isso, Frederick
integrava a agenda oficial do presidente, inclusive esteve presente na posse do
novo ministro das Comunicações.
Em
setembro de 2019, ao ser perguntado sobre o paradeiro de Queiroz, Frederick
Wassef respondeu, de forma cínica, que Queiroz não estava sumido, mas que não
sabia onde ele estava, pois não era seu advogado. Àquela altura, Queiroz já
estava há cerca três meses escondido na casa do advogado, em Atibaia (SP), pois
descobriu-se agora que Queiroz passou um ano escondido lá.
Emasculados
Sobre
o caso dos meninos emasculados em Altamira, trata-se de uma série de assassinatos
tendo como vítimas meninos com idade entre 8 e 14 anos. Esses meninos foram
sequestrados, mutilados e mortos entre os anos de 1989 e 1993. De acordo com a
justiça do Pará, os crimes foram cometidos durante rituais de satanismo e magia
negra promovidos pela seita “Lineamento Universal Superior”.
Mas
há também a possibilidade de que as crianças eram vítimas de uma quadrilha que
vendia órgãos. Ao todo, sete pessoas foram presas, entre elas Valentina de Andrade
e dois médicos.
O
saldo de toda essa monstruosidade foram seis meninos assassinados, cinco estão
desaparecidos até hoje e três conseguiram escapar com vida, mas foram
emasculados pelos criminosos.
Passados
quase 30 anos, se descobre que o advogado do presidente da República manteve
uma estreita relação durante três anos com a mulher apontada como líder dessa ação
monstruosa.