Em
manifesto, 12 entidades cobram da prefeitura de Marabá mais transparência nas informações
sobre as ações de combate ao coronavírus e também no repasse das informações
sobre os números reais da doença no município. O documento também sugere
medidas de atendimento à população. Chama atenção nesse item a exigência de que
o município invista recursos dos royalties (CFEM) da mineração que recebe, para
a compra de EPIs aos profissionais de saúde e também para o aumento do número
de UTIs.
Leia
abaixo a íntegra do documento:
Manifesto para o combate ao
Coronavírus em Marabá
É mundialmente reconhecido que
a melhor forma de evitar a curva ascendente dos casos de Covid 19 é o
isolamento social para impedir o crescimento dos contágios e o posterior
colapso dos sistemas de saúde. Entretanto, a adesão ao isolamento social por
parte da população está diretamente associada à clareza de informações
disponíveis sobre a proliferação da doença em seu município/região, bem como à
ações do poder público para efetivar a quarentena e evitar a continuidade de
atividades que geram quaisquer tipos de aglomeração social.
Em Marabá, são incontáveis os
números de denúncias de pacientes que chegaram a hospitais de referência da
cidade com todos os sintomas de Covid 19 e são encaminhados ao isolamento
social em casa sem serem devidamente testados. Portanto, não há uma ação clara
por parte do poder público municipal de testagem da população, o que deságua em
informações e boletins informativos confusos, sem nenhum detalhamento e que,
por isso, não refletem a situação real da doença no município.
A testagem da população e a
veiculação de informações detalhadas, como a idade, tipos de comorbidade das
pessoas infectadas, bem como o nível de infecção dos profissionais de saúde,
que estão expostos à doença, muitas vezes, sem os EPIs necessários, além da
distribuição espacial dos casos confirmados na cidade, são instrumentos
fundamentais para o combate à Covid19, pois ajudam no entendimento de como a
doença está atacando a população e na condução de um planejamento de combate à
disseminação do vírus.
A confusão, subnotificação e
falta de detalhamento dos informativos em Marabá têm levado a uma falsa sensação
de contenção do vírus em nossa cidade, e essa sensação de normalidade produz
decisões públicas e privadas que podem ser catastróficas à curto-médio prazo,
como a persistente abertura de estabelecimentos comerciais não essenciais, o
funcionamento cotidiano normal de atividades que promovem aglomerações, assim
como a perigosa confiança de parte da população em continuar saindo de casa
indistintamente e sem nenhuma proteção. A situação do Amazonas em que o sistema
de saúde já entrou em colapso e a do próprio Pará, à beira do colapso,
exige-nos responsabilidade para com todas as nossas ações.
Por isso, o conjunto de
entidades e organizações abaixo assinadas, exigimos da Prefeitura Municipal de
Marabá mais transparência nos dados sobre os casos de Coronavirus
identificados na cidade, uma ação mais enérgica e bem articulada de testagem da
população, uma ação mais efetiva para o cumprimento da quarentena na cidade, um
investimento de recursos, inclusive dos royalties da mineração que o
município recebe, para a compra de EPIs aos profissionais de saúde e para o
aumento do número de UTIs, além de uma ação social coordenada de auxílio
econômico à população mais vulnerável que já está sofrendo por não ter como
acessar os recursos básicos para sobreviver. Nesse sentido, como Marabá é uma
cidade com vários assentamentos de reforma agrária e possui um entorno rural
com significativa produção de alimentos e pescado, também exigimos da
Prefeitura um plano de aquisição de alimentos saldáveis de pequenos
agricultores e pescadores para garantir a segurança alimentar da população do
município.
A omissão agora pode custar
muitas vidas amanhã!
Assinam esse manifesto: SindUnifesspa, Sindicato dos Trabalhadores em Saúde
Pública do Estado do Pará (Sintesp/PA), Sindicato dos Urbanitários, Central
Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Movimento dos
Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), Colegiado do Curso de
Licenciatura Plena em Educação do Campo – Unifesspa, Sindicato dos Peritos do
INCRA (SindPFA), Sinasefe, Sintepp – Subsede Marabá, Sindifes, DCE Unifesspa,
PSOL Marabá e Emancipa.