Henrique
Mandetta nunca foi um político ligado a defender causas sociais. Porém, enquanto
ministro da Saúde, agiu de forma correta, em consonância com as recomendações
da OMS em relação ao COVID-19, mas – e justamente por isso - foi demitido.
Olivaldi
Azevedo, diretor de Proteção Ambiental do Ibama, achou que poderia fazer sua obrigação
de proteger os indígenas de ataques de madeireiros no sul do Pará. Adivinhe
também acabou exonerado.
Até
mesmo o governador Dória, um liberal defensor do Estado mínimo, mas que sempre
se apropriou do orçamento público, agora se tornou inimigo do atual governo
federal e passou a ser taxado até mesmo de comunista, simplesmente por
intensificar e prorrogar a quarentena no Estado de São Paulo, que concentra a
maioria esmagadora dos casos de COVID-19 no País.
A
própria Rede Globo, que historicamente apoiou o golpe militar de 64 e fez até campanha
contra a criação do 13º salário para trabalhadores, hoje também é inimiga Nº 1
do atual governo, simplesmente porque, num surto de jornalismo sério, resolveu criticar
pontualmente algumas ações do governo.
Todos
esses exemplos servem para mostrar dois fenômenos: o primeiro é que o atual governo
federal prioriza o erro, prima pela morte, apoia a desgraça. Tanto é verdade
que todos esses atores citados se tornaram inimigos porque mostraram virtudes e
não falhas. Mas isso muitos de nós já sabíamos.
Porém
o segundo fenômeno é mais estarrecedor ainda: todo esse comportamento doentio
do atual governo tem grande apoio popular, grande mesmo. Isso revela que há uma
seita se consolidando no Brasil, uma seita que adora o “mito”, faça ele o que
fizer, e todos que se opõem ao “mito” são transformados imediatamente em
inimigos.
Os
adoradores deste “jumento de ouro” estão tão alienados de tal forma que são
incapazes de perceber isso, são incapazes de sair da caverna.
Senão,
vejamos:
Evangélicos
a favor da pena de morte e fazendo “arminha” na igreja;
Católicos
decepcionados com o Papa e chamando-o de comunista;
Trabalhadores
assalariados defendendo o fim dos próprios direitos.
Tudo
isso em nome do “mito”.
Se
isso não for um estado de alienação, que outra coisa será?
(Chagas Filho)
(Chagas Filho)
“Aqui
chegamos, enfim
A
um ponto sem regresso
Ao
começo do fim
De
um longo e lento processo
Que
se apressa a cada ano
Como
um progresso insano
Que
marcha pro retrocesso
E
é só o começo”.
Lenine
(Isso é só o começo)