Professora
doutora Ana Cristina, do curso de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Sul
e Sudeste do Pará (Unifessapa), que atua nas áreas de Epidemiologia e Estatística,
participou de live na página do
Sindicato dos Docentes da Unifesspa (SindUnifesspa), falando sobre o
coronavírus no Pará e mais especificamente em Marabá.
Entre
outras informações ela explicou que, por ser Marabá uma cidade polo no sudeste
do Pará, até por causa da Rodovia Transamazônica que corta o perímetro urbano, é
possível que haverá notícias piores daqui pra frente, caso medidas mais
cautelosas não forem colocadas em prática.
O
link com a entrevista completa está aqui: https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=3253242081366690&id=1254971124637747
A
entrevista foi dada ao professor Rigler Aragão, coordenador do SindUnifesspa. Durante
o bate-papo de 40 minutos, a pesquisadora explica que o município – assim como
outros - tem dificuldade de realizar testes para saber quantas pessoas
exatamente estão doentes. Segundo ela, os números divulgados pelos boletins
diários da prefeitura são referentes a pessoas que fizeram testes 15 dias
antes.
Ela
também se mostrou surpresa com o avanço da doença. Segundo Ana Cristina, desde
o dia 18 de março, quando foi registrado o primeiro caso no Pará, ela começou a
fazer um acompanhamento da doença.
O
modelo estatístico que ela propôs previa que até 15 de abril o Pará estivesse
com 360 casos confirmados, em 15 de abril, já havia quase 500 casos (487 para
ser mais exato).
“A
partir daí podemos observar que o aumento do número de casos no Pará foi muito
acelerado, mais do que os modelos estatísticos estavam prevendo e infelizmente
isso tende a continuar”, alerta.
“O
que me preocupa é que as pessoas não estão sabendo interpretar os números”,
continua a professora, explicando que muita gente simplesmente não respeita o
isolamento social
A
pesquisadora chamou atenção para outro dado interessante: “Esta é uma doença para
nos lembrar que o que está matando no Brasil são as pessoas que vivem em
vulnerabilidade e desigualdade social, porque metabolicamente falando a gente
não espera que uma criança ou adolescente morram de uma infecção respiratória desse
nível”.
Com
isso, ela explica que a formação imunológica das pessoas mais carentes não é
boa. Em Marabá, por exemplo, 98% da cidade tem fossa e a maioria é fossa
rudimentar. Ela questiona como as pessoas vão manter hábitos de higiene, se nem
mesmo têm acesso a rede de esgoto. “É esse tipo de vulnerabilidade que está matando
e vai matar mais ainda”. (Chagas Filho)