(*) Chagas Filho
Enquanto
as mortes por coronavírus avançam no Brasil, chegando à casa dos 6,5 mil óbitos,
o presidente da República – na contramão do mundo – segue fazendo “procissões” sem
propósito nenhum, a não ser o de causar aglomerações que certamente elevam o
risco de contaminação e de mortes no País. Mas...
“E
daí?”
A
última parada do “mito” foi no Estado do Goiás, onde ele foi cercado por
centenas de ignorantes que tentavam a todo custo tocar as vestes do “messias” em
busca de conseguir alguma bênção, uma cura, um milagre. Porém o máximo que conseguirão
será expor-se ao coronavírus. Mas...
“E
daí?”
Nessa
peregrinação em terras goianas, diferente do verdadeiro Messias, que
multiplicava pães, peixes e vidas, este novo “messias” multiplica vírus, ignorância
e violência, nesses estranhos tempos, nesses dias de eventos estranhos. Mas...
“E
daí?”
Enquanto
aquele Messias dizia, “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Este diz: “Sou messias,
mas não faço milagres”. Nem precisava, as pessoas de boa índole e de
razoabilidade média não esperavam por milagres, queriam apenas um governante capaz
de governar. Não o temos. Mas...
“E
daí?”
Não
fossem as iniciativas de governadores e prefeitos, certamente o número de covas
rasas abertas às pressas e o número de enterros sem velórios seriam bem
maiores. Mas...
“E
daí?”
Até
mesmo, Donald Trump, “mito do mito”, assume a responsabilidade pelas mortes em
seu país e se rende ao isolamento social, enquanto a personificação da fraude que
se senta na cadeira de presidente da República continua sua sucessão de
vexames, seus excessos em excesso. Mas...
“E
daí?”
Não
nos esqueçamos que, ao passo em que o “messias” é abraçado pelas pessoas em
tempos de pandemia e de isolamento social, noutro canto do País, seu ex-amigo
Sergio Moro, diante de três delegados federais, repete todas as acusações que
havia feito na semana passada, de que o “mito” tenta controlar a Polícia
Federal, para sabotar as investigações que muito possivelmente vão chegar aos seus
filhos, tão toscos, corruptos e arrogantes quanto o pai. Mas...
“E
daí?”
(*) Jornalista provisionado, pedagogo e mestre em Dinâmicas Territoriais e Sociedade na Amazônia.