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terça-feira, 17 de novembro de 2020

Doutrinação política dentro das igrejas: Precisamos falar sobre isso!

 


Comenta-se muito que professores promovem doutrinação nas universidades, mas a julgar pela quantidade de pastores e obreiros eleitos Brasil afora (inclusive em Marabá), a doutrinação parece estar dentro dos templos, nos horários do culto, do alto dos púlpitos, onde os sermões deveriam ser voltados para o Reino dos Céus, como pregou Jesus no Monte das Oliveiras.

O mesmo fenômeno que vem transformando o púlpito das igrejas em praça de negócios e os crentes em consumidores, avança em direção ao poder e transforma o Brasil em algo que não conseguimos entender ainda o que será, mas temos motivos para temer.

Há 20 anos, o grande Leonel Brizola nos alertava que “se os evangélicos entrarem na política, o Brasil irá para o fundo do poço, o país retrocederá vergonhosamente e matarão em nome de Deus”. Alguém duvida?

As pessoas humildes de posses e de conhecimento crítico são levadas a crer cegamente na palavra dos líderes religiosos, que detêm o dom da oratória e se apresentam como representantes de Deus na terra, para depois entrar na vida pública e muitos deles acabam se envolvendo em roubalheiras. Mas, mesmo assim, se mantêm no poder, protegidos pelo discurso da perseguição ao povo de Deus.

O que se vê são pregações pautadas apenas na emoção, corrompendo o texto bíblico e, de forma audaciosa, criando falsas profecias para os que votam em candidatos crentes ou depositam vultosas ofertas. Tudo isso regado à ignorância de muitos cristãos que são levados a ler apenas os trechos bíblicos convenientes para aquele tipo de pregação.

Eu não acredito em céu para os pios ou inferno para os ímpios, mas esses líderes religiosos dizem acreditar. Fico pensando: será que eles estão cientes de que irão para o inferno ou pensam que vão enganar o próprio Deus no dia do juízo! Pois o que se vê hoje – na maioria das igrejas evangélicas – é uma coisa tão aterradora que dificilmente pode ser considerada cristianismo.

Há exceções... que servem apenas para confirmar a regra.

(Chagas Filho)