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terça-feira, 20 de outubro de 2020

O caso Infraero: Justiça para quem?

Repare bem: em Marabá, temos um condomínio luxuoso cuja entrada principal fica no final de uma grande avenida, no bairro Belo Horizonte. O final da avenida foi simplesmente bloqueado para fazer o condomínio.

E não é só isso: os fundos do mesmo condomínio ficam dentro da mata ciliar do Rio Itacaiúnas, configurando crime ambiental. Já houve processo judicial em relação ao assunto, mas os prédios continuam ali e seus moradores nunca foram incomodados com a possibilidade de despejo. Mas, mesmo assim, procure informações sobre isso no Google, você não vai achar nada.

Pensa que acabou? Não. Uma imensa área de varjão em Marabá está em nome de um grande empresário local.

Tem mais: várias casas comerciais – inclusive posto de combustível – estão sob a área de influência do aeroporto de Marabá.

Agora adivinhe quem a Justiça Federal quer expulsar de casa num prazo de 30 dias: famílias pobres que moram na ocupação da Piçarreira na área da Infraero.

Uma das alegações é de que as casas estão em risco porque os aviões voam muito baixo devido às operações de pouso e decolagem.

Pergunto: Os comércios instalados ali não estão sob o mesmo risco?

Grande parte do Amapá também não está?

A mata ciliar do Rio Itacaiúnas também não foi antropizada pelo condomínio luxuoso?

Por que os pobres incomodam tanto o Poder Judiciário?

Como diria Renato Russo, “Essa Justiça desafinada é tão humana e tão errada”.

 

(Chagas Filho, jornalista e pedagogo)