Repare
bem: em Marabá, temos um condomínio luxuoso cuja entrada principal fica no
final de uma grande avenida, no bairro Belo Horizonte. O final da avenida foi
simplesmente bloqueado para fazer o condomínio.
E
não é só isso: os fundos do mesmo condomínio ficam dentro da mata ciliar do Rio
Itacaiúnas, configurando crime ambiental. Já houve processo judicial em relação
ao assunto, mas os prédios continuam ali e seus moradores nunca foram
incomodados com a possibilidade de despejo. Mas, mesmo assim, procure informações
sobre isso no Google, você não vai achar nada.
Pensa
que acabou? Não. Uma imensa área de varjão em Marabá está em nome de um grande
empresário local.
Tem
mais: várias casas comerciais – inclusive posto de combustível – estão sob a
área de influência do aeroporto de Marabá.
Agora
adivinhe quem a Justiça Federal quer expulsar de casa num prazo de 30 dias: famílias
pobres que moram na ocupação da Piçarreira na área da Infraero.
Uma
das alegações é de que as casas estão em risco porque os aviões voam muito
baixo devido às operações de pouso e decolagem.
Pergunto:
Os comércios instalados ali não estão sob o mesmo risco?
Grande
parte do Amapá também não está?
A
mata ciliar do Rio Itacaiúnas também não foi antropizada pelo condomínio luxuoso?
Por
que os pobres incomodam tanto o Poder Judiciário?
Como
diria Renato Russo, “Essa Justiça desafinada é tão humana e tão errada”.
(Chagas Filho, jornalista e
pedagogo)