A decisão de participar de um curso de ferreiro armador realizado pelo Consórcio Ponte Rio Tocantins (CPRT), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em 2023, mudou a vida de Rutcleia Sales. Com dois filhos para sustentar, ela voltou para a sala de aula e encarou uma área dominada por homens. Essa oportunidade garantiu a sua entrada nas obras das novas pontes sobre o Rio Tocantins. Hoje Ruthcleia é uma das 1.442 pessoas empregadas atualmente no projeto, um dos quatro grandes empreendimentos executados pela Vale em Marabá.
Além das novas pontes, a companhia é responsável pela
construção da Usina da Paz, do Hospital Materno-Infantil e da primeira planta
comercial da Tecnored no Brasil, tecnologia inovadora focada no desenvolvimento
de ferro-gusa de baixo carbono, todas em Marabá. As duas primeiras integram o
Programa Estrutura Pará, política pública estadual que estimula empresas do
setor mineral a realizarem obras de infraestrutura no Estado. Já a terceira é
uma subsidiária 100% Vale que está sendo construída no Distrito Industrial de
Marabá como parte das soluções desenvolvidas pela mineradora para a
descarbonização da indústria siderúrgica no país.
Juntas, essas quatro obras respondem por 1,8 mil postos de
trabalho no município, entre diretos e indiretos. Cerca de 1,3 mil desses
profissionais são moradores da região, a exemplo de Rutcleia, que é natural de
Marabá. “A minha experiência no curso de qualificação abriu as portas para o
meu tão sonhado emprego. Foi através dessa oportunidade que pude dar início a
outros grandes sonhos, como a minha casa própria”, conta ela.
A 18 quilômetros de Marabá, em Bom Jesus do Tocantins, em
área vizinha à Terra Indígena (TI) Mãe Maria, a Vale gera atualmente outras
1.281 vagas de emprego no Projeto de Expansão da Estrada de Ferro Carajás.
Desse total, 812 são moradores de Marabá ou de Bom Jesus, entre eles, a
auxiliar administrativa Ilcyara Ribeiro de Bessa. “Esta tem sido uma
experiência bastante satisfatória para mim porque tenho aprendido muito e
criado novas expectativas, como entrar na faculdade”, diz a auxiliar.
Segundo Edivaldo Braga, gerente de Territórios Serra Leste e
Marabá na Vale, a contratação local faz parte da estratégia da empresa para
contribuir com o desenvolvimento da região. “A Vale tem como uma de suas
premissas a contratação de profissionais da região e incentiva as empresas
contratadas e prestadoras de serviços a adotarem a mesma política de incentivo
ao desenvolvimento local. Para além da geração de emprego e renda, esses
empreendimentos movimentam os municípios com a arrecadação de impostos, como
ISS e ICMS, e a contratação de fornecedores locais”, afirma o gestor.
As contratações de trabalhadores são feitas via Sistema
Nacional de Empregos (Sine) e priorizam profissionais da região. Nesse sentido,
para atender moradores de comunidades mais afastadas da sede dos municípios ou
dos bairros próximos aos projetos da companhia, são realizadas ações
itinerantes de cadastramento, como a que ocorreu na Vila Café, localizada perto
do Distrito Industrial de Marabá.
Na ocasião, o Sine, a Tecnored, a Vale e a empresa IMC Saste
Construções Serviços e Comércio, responsável pelas obras civis da Tecnored,
realizaram uma ação na comunidade para cadastrar as pessoas que desejam concorrer
às vagas que serão abertas na segunda etapa de implantação do empreendimento ou
mesmo para outras oportunidades no mercado local.
Com o setor da construção civil a todo vapor na região, com
obras da Vale, das gestões municipais e do ramo imobiliário em execução, alguns
profissionais já se tornaram escassos no mercado local. Assim, para continuar
incentivando a contratação de moradores da região, a mineradora e o Consórcio
Ponte Rio Tocantins, responsável pelas obras civis do projeto, criaram a
“Escola de Operadores”. A iniciativa formou os primeiros nove operadores de
rolo compactador e de trator agrícola em 2023 e já planeja abrir uma nova turma
neste semestre.
Segundo Sílvio Azevedo, gerente de Implantação das novas
pontes, além do conteúdo teórico, os alunos foram capacitados simulando
situações realistas em um centro de treinamento montado dentro do canteiro de
obras. Após a formação, durante 30 dias, eles continuaram sendo acompanhados
sempre que operavam as máquinas. Agora, não eram mais os instrutores que iam
junto, mas colegas da área, veteranos na função, aos quais chamavam de
“padrinhos”.
“Todo esse acompanhamento garantiu maior maturidade aos
novos operadores, gerando para o mercado de trabalho local profissionais
capacitados em todos os aspectos: segurança, meio ambiente, operação e mecânica
desses equipamentos”, explica o gerente.
A maioria dos formados na primeira turma da escola já
exercia alguma função no projeto, como carpinteiro, ajudante e apontador. Mas,
também, foram ofertadas vagas para a comunidade externa.
Quando soube da formação, Rayza Reis deixou o emprego de
vendedora no shopping para participar do curso. Três meses depois, tornou-se a
primeira mulher da “Escola de Operadores”. Hoje, já empregada na obra, ela
conta que sonha em operar outros equipamentos no futuro.
“Até quatro meses atrás, eu não sabia nada sobre como operar
uma máquina. Normalmente, esse setor é dominado por homens. Para mim, foi uma
oportunidade única. Sou muito grata, recebi todo suporte que precisei e me
sinto respeitada pelos meus colegas. Hoje tenho uma nova profissão e, no
futuro, pretendo pegar outras máquinas”, comenta a operadora. (Fonte: Correio
de Carajás)