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terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Sobre o terror, seus objetivos e sua contaminação

 


 

O que me mais me espanta nem é o ato em si, porque quando a turba alienada se reúne, tudo pode acontecer. A destruição do patrimônio público nem é o pior, na minha avaliação. Há duas coisas que mais me espantam. E a primeira delas é a motivação dessa gente.

Não havia ali ninguém protestando por comida na mesa.

Não havia ali ninguém lutando por mais empregos.

Não havia ali ninguém exigindo mais leitos em hospitais.

Não havia ali ninguém reagindo contra a morte algum inocente nas mãos do Estado.

Os que estavam ali o faziam simplesmente porque não aceitam o resultado da eleição.

Os que estavam ali protestavam pelo “direito” de destruir a democracia.

Estavam cheios de convicção de que houve fraude nas eleições, mas não tinha nenhuma prova nas mãos.

As mãos estavam vazias de provas assim como o cérebro vazio de ideias e o coração mais ainda de humanidade.

Felizmente alguns terminaram o dia com algema nas mãos. É o mínimo.

 

Da contaminação

Foi em nome de Deus, pátria, família e liberdade, que eles roubaram armas, destruíram obras de arte, agrediram até um cavalo... um cavalo. Reflita.

Afora isso, outro questionamento não pode ser ignorado: Qual é o nível de contaminação das forças de segurança?

Até onde comandantes da polícia e do Exército estão dispostos a manter o Estado democrático de Direito?

É óbvio que muitos deles, se pudessem, não apenas liderariam ataques terroristas, mas também dariam um tiro no presidente Lula.

Mas isso não pode ser regra. E é justamente isso que preocupa.

 

Reflita

O momento é de tensão e cabe ao povo brasileiro refletir que futuro quer para o Brasil: a reconciliação ou uma guerra civil.

Aos que querem reconciliação, digo que estamos do mesmo lado.

Aos que pregam a guerra, advirto que não será apenas o sangue do outro que vai escorrer pelas ruas do País.

A grande falha do covarde que prega o derramamento de sangue é achar que nunca será o dele, sempre será o do outro.

E isso faz parte da falta de consciência de classe. Os boçais que destilam o ódio e o caos nas redes sociais acreditam que estarão a salvo em gabinetes no caso de uma guerra civil, junto com os generais, ou em Miami junto com o “mito”.

Quando perceberem que estarão nas ruas brigando de foice contra seus próprios vizinhos, colocando a sua vida e a dos seus filhos em risco, aí talvez será tarde demais, porque hoje é possível o diálogo, na guerra não.

 Por Chagas Filho.