O que me mais me espanta
nem é o ato em si, porque quando a turba alienada se reúne, tudo pode acontecer.
A destruição do patrimônio público nem é o pior, na minha avaliação. Há duas coisas
que mais me espantam. E a primeira delas é a motivação dessa gente.
Não havia ali ninguém protestando
por comida na mesa.
Não havia ali ninguém lutando
por mais empregos.
Não havia ali ninguém exigindo
mais leitos em hospitais.
Não havia ali ninguém
reagindo contra a morte algum inocente nas mãos do Estado.
Os que estavam ali o
faziam simplesmente porque não aceitam o resultado da eleição.
Os que estavam ali
protestavam pelo “direito” de destruir a democracia.
Estavam cheios de
convicção de que houve fraude nas eleições, mas não tinha nenhuma prova nas
mãos.
As mãos estavam vazias de
provas assim como o cérebro vazio de ideias e o coração mais ainda de humanidade.
Felizmente alguns
terminaram o dia com algema nas mãos. É o mínimo.
Da contaminação
Foi em nome de Deus,
pátria, família e liberdade, que eles roubaram armas, destruíram obras de arte,
agrediram até um cavalo... um cavalo. Reflita.
Afora isso, outro questionamento
não pode ser ignorado: Qual é o nível de contaminação das forças de segurança?
Até onde comandantes da
polícia e do Exército estão dispostos a manter o Estado democrático de Direito?
É óbvio que muitos deles,
se pudessem, não apenas liderariam ataques terroristas, mas também dariam um
tiro no presidente Lula.
Mas isso não pode ser regra.
E é justamente isso que preocupa.
Reflita
O momento é de tensão e
cabe ao povo brasileiro refletir que futuro quer para o Brasil: a reconciliação
ou uma guerra civil.
Aos que querem
reconciliação, digo que estamos do mesmo lado.
Aos que pregam a guerra,
advirto que não será apenas o sangue do outro que vai escorrer pelas ruas do
País.
A grande falha do covarde
que prega o derramamento de sangue é achar que nunca será o dele, sempre será o
do outro.
E isso faz parte da falta
de consciência de classe. Os boçais que destilam o ódio e o caos nas redes
sociais acreditam que estarão a salvo em gabinetes no caso de uma guerra civil,
junto com os generais, ou em Miami junto com o “mito”.
Quando perceberem que
estarão nas ruas brigando de foice contra seus próprios vizinhos, colocando a
sua vida e a dos seus filhos em risco, aí talvez será tarde demais, porque hoje
é possível o diálogo, na guerra não.