O tradicional café da manhã, que marca o aniversário de Marabá – e que deixou de ser feito por conta da pandemia – será retomado nesta terça-feira (5), no mirante do encontro dos rios Tocantins e Itacaiúnas, que está sendo concluído. Mas o evento deve ser marcado por protesto dos moradores do Bairro Cabelo Seco. O motivo é justamente o nome dado ao mirante.
O novo aparelho público,
que finalmente dota de infraestrutura o berço de Marabá, receberá o nome de
Cila Quintino, empresária marabaense, já falecida. Acontece, porém, que a
maioria esmagadora dos moradores do Cabelo Seco (Francisco Coelho) é contra
essa homenagem, por entender que a empresária não tem nenhuma relação com o
bairro.
Além disso, os habitantes
do primeiro bairro da cidade reclamam que não foram consultados pela Câmara
Municipal de Marabá (CMM). Isso gerou indignação. Am agosto, os moradores chegaram
a fazer um abaixo assinado e pediram que a Câmara revisse a questão.
Naquele mesmo mês, o presidente
da CMM, Pedrinho Correia, chegou a conversar com os dois vereadores que
propuseram o nome de Cila Quintino, mas eles mantiveram a proposta original. Agora,
vem o primeiro protesto, que pode não ser o único.
Depoimentos e sugestão
“Quando eu soube, eu fiquei
muito revoltada... Como é que os nossos representantes fazem uma coisa às
escondias, sem pelo menos reunir com nossa comunidade do bairro, para a gente escolher
um nome que seja de uma pessoa aqui do bairro”, reclama Ana Luíza, uma das
lideranças do Bairro Cabelo Seco.
Da mesma ideia comunga a
professora aposentada Terezinha Santis: “A revolta é geral para todos nós... Se
você respeita uma comunidade, você tem que consultar essa comunidade. Nós temos
vários nomes e uma das sugestões seria colocar ‘Pontal Encontro dos Rios’ e
colocar uma placa com vários nomes de personalidades do bairro”.
Marxivan Silva, presidente
da Associação de Moradores do Bairro Cabelo Seco, foi taxativo. “O nome tem que
ser daqui”.
SindUnifesspa apoia
A luta dos moradores do
Cabelo Seco, para impedir que o mirante leve o nome da empresária, tem ganhado
adesão de outros segmentos sociais, entre eles o Sindicato dos Docentes da Universidade
Federal do Sul e Sudeste do Pará (SindUnifesspa).
“Nós, da diretoria do
sindicato, apoiamos essa causa. Desde o início a gente vem acompanhando essa
situação das reivindicações feitas pelos moradores. Nós repudiamos a indicação
da irmã do vereador Miguelito como homenageada, porque ela não representa os
moradores do Cabelo Seco”, explicou a professora Cinthya Marques, diretora do
SindUnifesspa.
Ainda de acordo com ela, o
entendimento da maioria é de que os homenageados devem ser os mestres e
fazedores de cultura popular, como Boi Bumbá, das quadrilhas juninas, ou seja, das
tradições típicas da Velha Marabá.
Inclusive, o SindUnifesspa
apresentou essa demanda para a deputada federal Vivi Reis (PSOL), que se disponibilizou
a fazer um repúdio público dessa homenagem.
Sem nomes
De acordo com o regimento
da CMM, esse tipo de proposição, que homenageia vultos históricos de Marabá,
dando nomes de praças e outros espaços públicos, é feito de forma secreta. Por isso,
não temos os nomes dos autores do projeto.