Antes, sediar uma Copa do
Mundo era um desrespeito com o Brasil. Afinal o País precisa de hospitais.
Agora, sediar uma Copa América
em plena pandemia, com mais de mil mortes diárias, é tranquilo.
Antes, se faltasse uma
seringa em um hospital no interior do Brasil era culpa do governo federal.
Agora, o governo federal é
avisado um mês antes sobre falta de oxigênio em hospitais e a culpa é do
governador.
Antes, um ministro comprou
uma tapioca com cartão corporativo e foi exonerado.
Agora, o cartão
corporativo do presidente está sob sigilo, os gastos mensais chegam a R$ 1 milhão
e tudo bem.
Antes, o filho do
presidente tinha que limpar bosta de elefante no zoológico até morrer.
Agora, o filho do
presidente compra uma mansão de R$ 6 milhões e centenas de imóveis e estamos
falando de investimentos.
Antes, a gasolina a R$
3,00 era inaceitável, motivo de postagens indignadas nas redes sociais.
Agora, a gasolina beirando
os R$ 6,00 é motivo de piadas, de brincadeiras... dá pra pagar sim!
Antes, um processo de Impeachment liderado por Eduardo Cunha (preso depois por corrupção), era algo que iria moralizar o País.
Agora, uma CPI que
investiga os responsáveis por centenas de milhares de mortes é politicagem
porque quem está à frente é Renan Calheiros.
Antes, todos tinham que ir
às ruas, vestidos com a camisa da CBF, protestar contra quele governo maldito,
até tirá-lo do poder.
Agora, é preciso ficar em
casa, caladinho, chorar, que dói menos, e esperar por 2022.
Antes, todos estavam indignados
nas redes sociais com “a situação que está aí!”
Agora, falar de política na
Internet é chato, cansa, desfaz amizades, pois os grupos de WhatsApp estão aí
para diversão, putaria, piadas, futebol...
Afinal de contas, senhoras
e senhores, estamos nos País das Maravilhas, onde a indignação é proibida.
Mas...
“Só há duas opções nesta
vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca.” (Darcy
Ribeiro)