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sexta-feira, 24 de abril de 2020

Moro diz que na época do PT a Polícia Federal tinha autonomia





Em mais uma das voltas que a “terra plana” deu, o ex “super” ministro Sérgio Moro não apenas se demitiu. Ele chutou o balde. Fez graves denúncias contra o (ainda) presidente Jair Bolsonaro. Vendo o barco afundando, caiu fora. Em discurso de mais de meia hora, Moro denunciou que Bolsonaro quer ter interferência direta nas investigações da Polícia Federal (muito provavelmente para defender os filhos corruptos como ele).

Mas o mais saboroso da coletiva de Moro foi quando ele chegou à conclusão de que era feliz e não sabia. Confirmou que durante o governo do PT a Polícia Federal tinha autonomia, diferentemente de agora, algo que temos dito há anos, mas que nem todos se mostram capazes de ouvir. Talvez ouçam agora.

No link ao lado a entrevista completa: https://www.youtube.com/watch?v=OET_e-tqDsI

Segundo Moro, desde meados do ano passado o presidente começou a insistir na troca de nomes do alto comando da Polícia Federal. Citou a troca de superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro. Na visão dele, esse foi o início de uma interferência política no trabalho da Polícia Federal que culminou agora com sua saída.
Ainda de acordo com Moro, o presidente confirmou que estava mesmo fazendo uma interferência política. “O presidente me disse, mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações, que ele pudesse colher aí relatórios de inteligência, seja diretor, seja superintendente, e realmente não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação. As investigações têm que ser preservadas”, afirma.
Moro foi mais além e usou o governo do PT como exemplo de garantia de autonomia da Polícia Federal: “Imagine se durante a Lava Jato o ministro, o diretor-geral, a então presidente Dilma ou o ex-presidente ficassem ligando para o superintendente em Curitiba para colher informações sobre as investigações em andamento”.
“Isso não aconteceu na Lava jato”, resumiu Moro, ao anunciar que sai do governo para preservar sua biografia (se é que isso ainda é possível). “Tenho que preservar a minha biografia, mas acima de tudo preservar o compromisso que assumi com o próprio presidente, de que seríamos firmes no combate a corrupção...”
ELOGIOS AO PT
Palavras de Moro: “Desde 2014, na Lava Jato, a gente sempre tinha uma preocupação constante de uma interferência do Executivo nos trabalhos da investigação e isso poderia ser de diversas formas, troca do diretor geral, sem que houvesse causa, troca do superintendente... Enfim, foi garantida a autonomia da Polícia Federal durante esses trabalhos de investigação”.
Moro continua: “É certo que o governo da época tinha inúmeros defeitos, aqueles crimes gigantescos de corrupção, que aconteceram naquela época, mas foi fundamental a manutenção da autonomia da Polícia Federal para que fosse possível realizar esse trabalho... Isso permitiu que os resultados fossem alcançados.”
Para provar o que diz, Moro usa como exemplo um episódio ocorrido em um domingo, quando o superintendente da Polícia Federal recebeu uma ordem de soltura do ex-presidente Lula, condenado por corrupção. Mas o superintendente comunicou às autoridades judiciárias e não cumpriu a ordem, que depois (segundo ele) se mostraria ilegal devido à incompetência jurídica do magistrado.
Na esteira de todas essas acusações, Moro ainda sugere que Bolsonaro falsificou sua assinatura no documento que confirma a exoneração o diretor da PF, que foi o pivô de toda essa polêmica.
Diante dessa denúncia, e de tantas outras atrocidades cometidas pelo atual mandatário mor do País, a pergunta que se faz é: O que falta para que um processo de Impeachment seja aberto?
(Chagas Filho)