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quarta-feira, 29 de abril de 2020

Emenda de deputado do PT garante R$ 250 mil para Saúde de Marabá



No dia de ontem (28), foi feita a ordem de pagamento no valor de R$ 250 mil, para a prefeitura de Marabá, de uma emenda parlamentar do deputado federal Airton Faleiro (PT), por solicitação do deputado estadual Dirceu ten Caten e do vereador Marcelo Alves (ambos do PT). O recurso será utilizado para custeio na área de saúde em Marabá.
“Independentemente de quem esteja na prefeitura, de qual seja o partido, a gente quer contribuir”, afirma o vereador Marcelo, acrescentando que no ano de 2018, por meio de emenda do deputado Zé Geraldo, Marabá recebeu R$ 3 milhões para pavimentação e já executou quase todo recurso, faltando apenas R$ 400 mil. Também em 2018, R$ 1 milhão para custeio do Hospital Municipal de Marabá (HMM), com o senador Paulo Rocha.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Entidades pedem que prefeitura de Marabá use royalties da mineração no combate ao coronavírus



Em manifesto, 12 entidades cobram da prefeitura de Marabá mais transparência nas informações sobre as ações de combate ao coronavírus e também no repasse das informações sobre os números reais da doença no município. O documento também sugere medidas de atendimento à população. Chama atenção nesse item a exigência de que o município invista recursos dos royalties (CFEM) da mineração que recebe, para a compra de EPIs aos profissionais de saúde e também para o aumento do número de UTIs.

Leia abaixo a íntegra do documento:
Manifesto para o combate ao Coronavírus em Marabá
É mundialmente reconhecido que a melhor forma de evitar a curva ascendente dos casos de Covid 19 é o isolamento social para impedir o crescimento dos contágios e o posterior colapso dos sistemas de saúde. Entretanto, a adesão ao isolamento social por parte da população está diretamente associada à clareza de informações disponíveis sobre a proliferação da doença em seu município/região, bem como à ações do poder público para efetivar a quarentena e evitar a continuidade de atividades que geram quaisquer tipos de aglomeração social.
Em Marabá, são incontáveis os números de denúncias de pacientes que chegaram a hospitais de referência da cidade com todos os sintomas de Covid 19 e são encaminhados ao isolamento social em casa sem serem devidamente testados. Portanto, não há uma ação clara por parte do poder público municipal de testagem da população, o que deságua em informações e boletins informativos confusos, sem nenhum detalhamento e que, por isso, não refletem a situação real da doença no município.
A testagem da população e a veiculação de informações detalhadas, como a idade, tipos de comorbidade das pessoas infectadas, bem como o nível de infecção dos profissionais de saúde, que estão expostos à doença, muitas vezes, sem os EPIs necessários, além da distribuição espacial dos casos confirmados na cidade, são instrumentos fundamentais para o combate à Covid19, pois ajudam no entendimento de como a doença está atacando a população e na condução de um planejamento de combate à disseminação do vírus.
A confusão, subnotificação e falta de detalhamento dos informativos em Marabá têm levado a uma falsa sensação de contenção do vírus em nossa cidade, e essa sensação de normalidade produz decisões públicas e privadas que podem ser catastróficas à curto-médio prazo, como a persistente abertura de estabelecimentos comerciais não essenciais, o funcionamento cotidiano normal de atividades que promovem aglomerações, assim como a perigosa confiança de parte da população em continuar saindo de casa indistintamente e sem nenhuma proteção. A situação do Amazonas em que o sistema de saúde já entrou em colapso e a do próprio Pará, à beira do colapso, exige-nos responsabilidade para com todas as nossas ações.
Por isso, o conjunto de entidades e organizações abaixo assinadas, exigimos da Prefeitura Municipal de Marabá mais transparência nos dados sobre os casos de Coronavirus identificados na cidade, uma ação mais enérgica e bem articulada de testagem da população, uma ação mais efetiva para o cumprimento da quarentena na cidade, um investimento de recursos, inclusive dos royalties da mineração que o município recebe, para a compra de EPIs aos profissionais de saúde e para o aumento do número de UTIs, além de uma ação social coordenada de auxílio econômico à população mais vulnerável que já está sofrendo por não ter como acessar os recursos básicos para sobreviver. Nesse sentido, como Marabá é uma cidade com vários assentamentos de reforma agrária e possui um entorno rural com significativa produção de alimentos e pescado, também exigimos da Prefeitura um plano de aquisição de alimentos saldáveis de pequenos agricultores e pescadores para garantir a segurança alimentar da população do município.
A omissão agora pode custar muitas vidas amanhã!
Assinam esse manifesto: SindUnifesspa, Sindicato dos Trabalhadores em Saúde Pública do Estado do Pará (Sintesp/PA), Sindicato dos Urbanitários, Central Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), Colegiado do Curso de Licenciatura Plena em Educação do Campo – Unifesspa, Sindicato dos Peritos do INCRA (SindPFA), Sinasefe, Sintepp – Subsede Marabá, Sindifes, DCE Unifesspa, PSOL Marabá e Emancipa.


sexta-feira, 24 de abril de 2020

Moro diz que na época do PT a Polícia Federal tinha autonomia





Em mais uma das voltas que a “terra plana” deu, o ex “super” ministro Sérgio Moro não apenas se demitiu. Ele chutou o balde. Fez graves denúncias contra o (ainda) presidente Jair Bolsonaro. Vendo o barco afundando, caiu fora. Em discurso de mais de meia hora, Moro denunciou que Bolsonaro quer ter interferência direta nas investigações da Polícia Federal (muito provavelmente para defender os filhos corruptos como ele).

Mas o mais saboroso da coletiva de Moro foi quando ele chegou à conclusão de que era feliz e não sabia. Confirmou que durante o governo do PT a Polícia Federal tinha autonomia, diferentemente de agora, algo que temos dito há anos, mas que nem todos se mostram capazes de ouvir. Talvez ouçam agora.

No link ao lado a entrevista completa: https://www.youtube.com/watch?v=OET_e-tqDsI

Segundo Moro, desde meados do ano passado o presidente começou a insistir na troca de nomes do alto comando da Polícia Federal. Citou a troca de superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro. Na visão dele, esse foi o início de uma interferência política no trabalho da Polícia Federal que culminou agora com sua saída.
Ainda de acordo com Moro, o presidente confirmou que estava mesmo fazendo uma interferência política. “O presidente me disse, mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações, que ele pudesse colher aí relatórios de inteligência, seja diretor, seja superintendente, e realmente não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação. As investigações têm que ser preservadas”, afirma.
Moro foi mais além e usou o governo do PT como exemplo de garantia de autonomia da Polícia Federal: “Imagine se durante a Lava Jato o ministro, o diretor-geral, a então presidente Dilma ou o ex-presidente ficassem ligando para o superintendente em Curitiba para colher informações sobre as investigações em andamento”.
“Isso não aconteceu na Lava jato”, resumiu Moro, ao anunciar que sai do governo para preservar sua biografia (se é que isso ainda é possível). “Tenho que preservar a minha biografia, mas acima de tudo preservar o compromisso que assumi com o próprio presidente, de que seríamos firmes no combate a corrupção...”
ELOGIOS AO PT
Palavras de Moro: “Desde 2014, na Lava Jato, a gente sempre tinha uma preocupação constante de uma interferência do Executivo nos trabalhos da investigação e isso poderia ser de diversas formas, troca do diretor geral, sem que houvesse causa, troca do superintendente... Enfim, foi garantida a autonomia da Polícia Federal durante esses trabalhos de investigação”.
Moro continua: “É certo que o governo da época tinha inúmeros defeitos, aqueles crimes gigantescos de corrupção, que aconteceram naquela época, mas foi fundamental a manutenção da autonomia da Polícia Federal para que fosse possível realizar esse trabalho... Isso permitiu que os resultados fossem alcançados.”
Para provar o que diz, Moro usa como exemplo um episódio ocorrido em um domingo, quando o superintendente da Polícia Federal recebeu uma ordem de soltura do ex-presidente Lula, condenado por corrupção. Mas o superintendente comunicou às autoridades judiciárias e não cumpriu a ordem, que depois (segundo ele) se mostraria ilegal devido à incompetência jurídica do magistrado.
Na esteira de todas essas acusações, Moro ainda sugere que Bolsonaro falsificou sua assinatura no documento que confirma a exoneração o diretor da PF, que foi o pivô de toda essa polêmica.
Diante dessa denúncia, e de tantas outras atrocidades cometidas pelo atual mandatário mor do País, a pergunta que se faz é: O que falta para que um processo de Impeachment seja aberto?
(Chagas Filho)


quinta-feira, 23 de abril de 2020

Prefeitos apoiam retorno dos médicos cubanos ao Pará: É óbvio!



O presidente da Federação das Associações de Municípios do Estado do Pará (FAMEP) e prefeito de Santarém, Nélio Aguiar, enviou nota oficial confirmando que apoia o governo do Estado na iniciativa de contratação de 86 médicos cubanos para atuação no Hospital de Campanha, no Hangar, e nas unidades básicas e de pronto-atendimento em Belém, que atualmente, possui grande índice de infectados pelo covid-19.
Nélio Aguiar sugere ainda que, se for necessário, que a ação se estenda aos municípios do Estado que venham a se encontrar em igual necessidade na área da saúde. Parauapebas seria uma delas, pelo que apurou o blog, pois a pandemia lá está alarmando a população.
“Os médicos cubanos atuaram em Belém e no interior do Estado no período de 2013 a 2018, durante a execução do Programa Mais Médicos, do governo federal, e demonstraram grande compromisso com a nossa população, uma vez que o Pará sofre, assim como as demais regiões brasileiras, com a baixa adesão de médicos à ação estratégica ‘Brasil Conta Comigo – Profissionais da Saúde’, criada no início do mês pelo Ministério da Saúde para o enfrentamento à Covid-19”, diz a nota oficial da FAMEP.
Todos os 86 médicos têm autorização para residir de forma fixa e permanente no Brasil, com domicílio no Pará. “Incluir estes profissionais em nossa rede de saúde é uma forma de lidar com a alta procura por atendimento e a curva ascendente de casos do novo Coronavírus no Estado, o que, por sua vez, demanda uma ação rápida e eficiente”, relata o trecho final do comunicado.
Análise
Uma decisão ideológica e política do atual governo federal fez com que quase todos os médicos cubanos deixassem o País. Eu quero acreditar que o governo esperava que os médicos brasileiros preenchessem todas as vagas do “Mais Médicos”. Mas o salário pago pelo programa é pouco demais para os “grandes” profissionais da Medicina brasileira. O povo pobre que se lasque!
Agora, que a pandemia levou nossa situação ao limite, alguns governantes recorreram aos profissionais cubanos. Eles virão porque foram formados pra servir ao povo e não pra virar fazendeiros... Ainda bem.
Eu não votei em Helder Barbalho, mas é preciso ter humildade para reconhecer que sua postura nesse período de coronavírus é exemplar. Ainda não fugiu de suas responsabilidades e faz, de baixo de absurda pressão, aquilo que precisa ser feito em prol do povo, nem que para isso bata de frente com o “Mito”. Ainda bem.
(Chagas Filho)

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Será covid? Estrangeiro tem morte suspeita em Marabá



Em destaque, agente funerário estava com EPI protegendo o corpo todo

Entre os corpos que deram entrada no Instituto Médico Legal (IML) de Marabá esta semana está o caso de um homem de 27 anos, natural dos Estados Unidos. Ele estava na cidade não se sabe há quanto tempo e morreu no Hospital Municipal de Marabá (HMM), onde foi procurar atendimento com quadro de febre alta, desconforto respiratório e confusão mental. Até o momento a causa da morte está indeterminada.
Além dos sintomas guardarem certa semelhança com o coronavírus, também chamou atenção o fato de que os agentes funerários que levaram o cadáver ao IML estarem usando Equipamento de Proteção Individual (EPI), que lhes protege da cabeça aos pés.
Por outro lado, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Marabá (Ascom) informou que o paciente – cuja identidade será preservada por motivos óbvios – morreu, na verdade, por uma overdose.
Além disso, a Assessoria de Comunicação observou que os corpos de mortos com suspeita de covid-19 não são encaminhados ao IML, mas passam por um protocolo que determina sepultamento imediato e de caixão fechado, sem rituais de funeral.
A Ascom informou também que os agentes funerários estão usando os EPIs como normas de segurança e não por se tratar de caso suspeito de coronavírus.
A reportagem apurou com outras fontes que o paciente teria sofrido overdose de heroína. Mas apuramos também que profissionais lotados no IML estariam receosos de tocar no corpo, embora ninguém tenha confirmado isso oficialmente.
Entramos em contato com o delegado que estava de plantão no dia que o corpo do estadunidense deu entrada no IML para saber se ele pediu coleta de material para fazer exame que seja capaz de descobrir qual a causa da morte, mas o delegado ainda não respondeu ao questionamento. (Chagas Filho)

segunda-feira, 20 de abril de 2020

“Fora Bolsonaro, ditadura nunca mais!!”




Em resposta à indigna participação do presidente da República em ato que pediu a intervenção militar e o consequente fim da democracia no Brasil, várias e cabidas foram as manifestações de repúdio contra Jair Bolsonaro. Entre as entidades que se posicionam contra esse crime que fere de morte a democracia está a Executiva do PSOL Marabá (PA), que emitiu uma nota com o título “Fora Bolsonaro, ditadura nunca mais!!”

Se você tem apreço pela democracia, leia:

“Mais uma vez os seguidores de Bolsonaro vão as ruas para pedir intervenção militar. Para eles a democracia, mesmo sendo precária como a nossa, atrapalha um governo repleto de militares (além do presidente, possui o vice-presidente e oito ministros militares), isso sem contar os cargos de segundo e terceiro escalão que estão sendo ocupados também por militares. Estamos sendo governados por militares, mas parece ser insuficiente para os bolsonaristas. Talvez, porque os militares não saibam governar com críticas e oposição. Se isso é verdade, seria melhor que eles retornassem aos quartéis, onde a hierarquia e o autoritarismo são a regra.
No entanto, há outro fator que leva Bolsonaro a mobilizar seus seguidores contra a democracia. É a sua total falta de capacidade para governar, que ficou clara na crise da demissão do seu ministro da saúde. Bolsonaro não demitiu apenas pela divergência com encaminhamentos que se tomava frente a pandemia, mas também porque viu a ascensão de Mandetta e a possibilidade de que ele poderia ser seu possível adversário nas próximas eleições.  Em vários momentos o presidente já demonstrou não ter o mínimo preparo e compreensão da realidade. As ameaças e mobilizações contra a democracia seriam a única forma de governar e concretizar as atrocidades que fala.
Mesmo o governo não tendo total controle do congresso, suas principais reformas contra o povo foram aprovadas com os votos dos corruptos. É de conhecimento público que, para aprovar a reforma da previdência e acabar com aposentadoria dos trabalhadores, o governo distribuiu bilhões em emendas parlamentares. O governo conta com apoio da bancada da bala, do boi e da bíblia que sustentam sua política de desmatamento da Amazônia e invasão das terras indígenas.
O discurso moralista não cola mais. Bolsonaro representa a velha política apodrecida, sua família enriqueceu na política e tem forte relação com o crime organizado, dirigido pelas milícias no Rio de Janeiro. Todos à sua volta estão envolvidos em corrupção, sua campanha eleitoral foi mais um esquema corrupto que envolveu candidaturas laranjas, fake news e caixa dois. O falso moralismo é o mesmo da propaganda da ditadura militar que assassinou, torturou e saqueou o país. Ao final da ditadura militar, o Brasil era um país endividado e totalmente submisso ao imperialismo americano.
No Brasil, a covid-19 já tirou a vida de mais de duas mil pessoas!! Ao apoiar, participar dos atos e promover aglomeração no meio da pandemia Bolsonaro demonstra total desprezo por estas vidas perdidas, zombando de seus familiares, e pelos trabalhadores da saúde que estão colocando suas vidas em risco, muitos sem as condições básicas de segurança que o governo deveria garantir.
Bolsonaro é um genocida, uma ameaça sanitária e precisa ser parado! Seu impeachment é urgente para que se garanta a proteção do povo durante e posterior a pandemia.”

Executiva do PSOL MARABÁ – PA

Este material está disponível no link abaixo:


sábado, 18 de abril de 2020

Coronavírus no Pará: 43 municípios concentram 627 casos; nove registram 32 mortes



Com 32 mortes confirmadas de um total de 627 pacientes infectados, os números da COVID-19 continuam subindo no Pará. A curva sobe exponencialmente e o mapa de calor (acima) mostra como os casos avançam das extremidades em direção ao interior do Pará.
Pelo mapa, se vê numa círculo a região que vem de Tucuruí até Parauapebas, passando obviamente por Marabá (marcada pela seta). Estamos na região que abriga a terceira maior mancha da doença, atrás da Zona Metropolitana e de Santarém, quase na fronteira com o Amazonas.
Das mortes
Os óbitos da doença se concentram em 9 municípios dos 43 que abrigam pacientes. Felizmente Marabá não é um deles. Pelo menos não até aqui (11h da manhã de sábado, 18 de abril), temos 5 casos confirmados, mas ninguém morreu.
Por outro lado, Parauapebas tem duas mortes confirmadas (talvez três caso a SESPA confirme mais um óbito que já foi anunciado pela prefeitura), enquanto Rondon do Pará também registrou uma morte, assim como Canaã dos Carajás.
Ao mesmo tempo, os hospitais de campanha, ao que se vê, não dispõem da infraestrutura necessária para enfrentar a crise iminente. O número de respiradores, como já está dado pela Imprensa estadual, é inferior à demanda projetada.
Como está Marabá
No caso de Marabá, a Prefeitura faz o quê? O que pode, prorrogando o prazo de isolamento social, com retorno das aulas apenas em 6 de maio, mas mantendo o comércio quase todo funcionando. Também está isolando feiras e praças.
Será que pode só isso?
Onde estão ações no sentido de dotar o Hospital Municipal de melhor estrutura para uma possível corrida de pacientes com falta de ar?
Onde estão os vereadores?
O que dizem?
O que sugerem?
Fazem campanha de conscientização para que a sociedade se mantenha protegida e, na medida do possível, isolada?
Sobram problemas, sobram mortes, sobram incertezas e faltam protagonistas locais.
É isso.
(Chagas Filho)

sexta-feira, 17 de abril de 2020

As curvas da barbárie: a atualidade do massacre de Eldorado dos Carajás


                                             Foto: Sebastião Salgado, disponível em www.cptnacional.org.br

Ainda em tempo, publico um brilhante texto produzido pelo professor Jerônimo da Silva e Silva (UNIFESSPA), fazendo uma análise sob o 17 de abril.


Separei um texto muito simbólico do artigo:
“Hoje, 17 de abril de 2020, somos confrontados com a tarefa permanente de manusear as experiências dos testemunhos, tanto no sentido de honrar a vida daqueles que tombaram como entrelaçá-los à compreensão de nossas práticas políticas emergentes. Ora, como enfrentar a escuridão sombria que recobriu as cidades de Eldorado e Marabá naquele dia? Quais sentidos são capazes de imobilizar o ecoar dos fogos que comemoravam a morte dos sem-terra nas fazendas?”

Boa leitura:


Jerônimo da Silva e Silva*
Há exatos 24 anos, no entardecer do dia 17 de abril de 1996, rodovia PA-150, entre Marabá e Eldorado dos Carajás, aproximadamente 1.500 famílias de trabalhadores rurais que se deslocavam em marcha para Belém foram encurraladas pelo batalhão da Polícia Militar com 85 homens vindo de Marabá e 68 homens do quartel de Parauapebas. Enquanto aguardavam na “Curva do S” o cumprimento da promessa do governo estadual acerca da liberação de ônibus para os conduzirem à capital do estado, agentes de segurança pública sem identificação em seus uniformes e sem o registro de armas e munição requerido para ações oficiais deram início ao conhecido “Massacre de Eldorado dos Carajás”.
As pessoas presentes na “Curva do S” foram cercadas, impedidas pelos dois batalhões de se evadirem após os primeiros tiros e bombas de gás lacrimogênio, tornando-se alvo fácil para sujeição policial seguida de tortura e execução. Os relatos dos sobreviventes, o laudo médico e a perícia do Laboratório de Fonética Forense e Processamento de Imagens da Unicamp permitiram reconstruir o seguinte enredo: a maioria dos trabalhadores mortos foram assassinados à queima-roupa e os demais, após serem dominados fisicamente, foram espancados, mutilados com arma branca e executados a tiros, os testemunhos dão conta de que enquanto desferiam chutes, golpes de foice, facão, porrete e outros instrumentos perfurantes, os policiais agrediam verbalmente os torturados, bem como gritavam entre si palavras de estímulo e encorajamento.
Se a linguagem odiosa dos policiais estava explicitamente inscrita nos corpos dos sem-terra por meio de corpos arroxeados, cortes profundos, ossos expostos, esmagamento de crânio e perfurações das mais diversas formas e ângulos, não podemos cair na tentação de afirmar que o episódio foi o simples resultado de uma ordem de desobstrução de estrada que “saiu do controle” pelas autoridades locais ou de um arroubo violento resultado de um frenesi macabro e sim pelo fato de que as violências perpetradas são a expressão exata e contínua dos interesses e da mentalidade de setores da sociedade paraense e poderes políticos.
A identificação política do governo estadual com as elites locais e destas com os órgãos de segurança pública, que além de permitirem o fornecimento de transporte, armas e munições contra os trabalhadores rurais, também dão conta de que dias antes do massacre, em reunião com representantes de sindicatos, associações e federações de latifundiários da região, fosse confeccionada uma lista com 19 nomes das lideranças tidas por eles como perigosas, quer dizer, cujos nomes deveriam constar na famigerada “lista dos marcados para morrer”.1
Não escrevo para repisar os elementos que usualmente são requeridos para explicar o contexto da violência praticada, e sim para refletir sobre como o massacre foi percebido a partir do impacto da insídia na “Curva do S” mediante as vozes das testemunhas e quais elementos das experiências de luta guardam paralelo com as atuais curvas da barbárie que se desenham no horizonte dos movimentos sociais dos povos do campo em nossa região.
“Pós-massacre, no primeiro momento se o movimento não fosse nacional nós tínhamos desistido, porque é uma experiência que ninguém quer, como lidar com 19 mortos de uma vez? Como olhar pro chão que é só sangue? Com as cidades de Curionópolis e Eldorado no escuro, desligaram os padrões de energia tudo, como tu vai no hospital e olha todo o pessoal no escuro chorando desesperado? Marabá, como tu recebe no IML pessoas mortas em cima de um caminhão? Ainda bem que essa sociedade foi solidária, essa universidade aqui também foi muito solidária, todas as entidades assumiram o cuidado dos corpos [...] nós não tínhamos condição alguma de assumir as coisas aqui, em Parauapebas [...] as entidades acompanharam a chegada dos mortos em Eldorado, foi a coisa mais triste do mundo... Foi um momento desesperador [...] desde a hora que aconteceu a gente não dormia, era na rotina, 24 horas no ar”2
Recuperando memórias desde 1995 para garantir a construção de novos acampamentos até a concepção da marcha em 1996 para dialogar com superintendência do INCRA, Isabel Rodrigues reflete sobre como a cansativa negociação com setores do governo do estado era já a estratégia do massacre em curso. As quatro interrogações enunciadas acima pela narradora expressam, num tipo de eixo transversal, o desespero em lidar com os corpos dos mortos, com os seus indícios que “empapavam” de sangue a estrada, os corpos dos feridos na escuridão do hospital e a autópsia dos mortos no IML de Marabá.
O pós-massacre não foi uma tentativa de esconder corpos de mortos e o ferimento dos sobreviventes, como em geral ocorre em chacinas, mas sim de fazê-los entrar em peregrinação forçada, colocá-los num tipo de marcha ininterrupta, não por acaso o “cuidado com os corpos” foi o grande desafio para as lideranças sobreviventes. Para Isabel, enquanto via o desespero dos parentes e amigos com a chegada dos trabalhadores assassinados no município de Eldorado, fora revestida de uma sensação de irrealidade, como se tudo aquilo não fosse possível, um sentimento de delírio, parecendo não conseguir acreditar, primeiro, como “o latifúndio é covarde” e depois na sensação de que estes “matam sem medo”.
Não é possível entender a covardia do latifúndio sem considerá-la na sua nervura exposta, que é especificamente a matança realizada através de emboscadas, na escuridão e sem a possibilidade de defesa, tanto da vítima imediata, como na certeza da impunidade, por isso a ausência de medo. Em concordância com essa perspectiva, Maria Raimunda alega que apenas nos dias subsequentes “a ficha foi caindo” lentamente em relação a todo o planejamento do massacre:
“Eu fique sabendo do massacre no final da tarde do dia 17 de abril, à noite, a imprensa divulgando, não conhecia muita gente e depois a gente conseguiu se organizar, a gente tinha uma equipe de professores que faziam acompanhamento pedagógico [...] nos reuníamos na SEMED pra formação e no dia 18 de abril quando a gente chega lá tem as informações que os corpos estão no Instituto Médico Legal de Marabá, e imediatamente nos organizamos em uma vigília, pois tinha ameaça de que o Estado queria ocultar corpos [...] na realidade aqui na região existiram outras chacinas violentas também, mas o massacre foi a junção de fatores, primeiro, ter sido numa pista pública com 19 mortos no meio de quase três mil pessoas, - massacre na pista - ajudou a não ficar na invisibilidade. Segundo, a denúncia imediata, da publicidade e quando tem imagem da mídia logo vem o choque; outro fator é que as pessoas não pararam de lutar e endossaram denúncias no mundo inteiro, então tem processo de luta crescente [...] o latifúndio é muito ousado; é uma celebração da arte de matar, começam matança aos poucos, vão tirando parte da vida da gente”3
A reflexão sobre os acontecimentos pós-massacre denota justamente que entre o cuidado com o destino dos corpos dos mortos e o apoio dado aos mais de 60 feridos e mutilados coabitava a necessidade de os sobreviventes tentarem compreender a tragédia que se abatera sobre eles. Para alguns narradores, até mesmo a geografia da “Curva do S” foi favorável para a montagem do cerco policial, protegendo os flancos dos policiais e dificultando a visibilidade de pessoas que estavam em veículos aguardando desobstrução da pista.
A “celebração da arte de matar” praticada pelo latifúndio é descrita dessa forma para dar conta dos rituais de “consórcio” ou “coleta” para escolher quem irá constar na “lista da morte”. Não raro são os relatos da realização de grandes banquetes em fazendas para listar os que devem morrer, a escolha de intermediários, pistoleiros, formas de pagamento, plano de fuga, proteção policial, aliciamento de setores do judiciário e cobertura da mídia local para entenebrecer o impacto da violência. A “ousadia do latifúndio” relembrada acima é justamente para frisar a ausência de escrúpulos, não apenas desse setor, mas da teia que perpassa os mais sutis agentes públicos e privados.
Os banquetes para escolher as suas vítimas era o início de um ciclo que deveria se fechar com o banquete realizado após a “realização do serviço”, regado a cachaça, tiros à esmo e fogos de artifício. Ao relembrar os boatos acerca de como os fazendeiros locais festejavam sucessivamente a morte e a tentativa de extinguir o MST na região, a professora Maria da Conceição Carneiro Ferraz, conhecida como Concita, alega que conviviam diariamente, desde o dia 17 de abril até a missa de 7º dia, com o barulho dos fogos de artifício advindos das fazendas e notícias de júbilo de setores apoiadores dos grandes proprietários de terra.
“Eu não tive medo mais revolta, muita revolta porque, assim, no acampamento onde a gente estava, se comunicava através de fogos, e era tarde da madrugada quanto tocavam fogos no lugar da escola onde era assembleia, então quando a gente chegou lá falaram que tinham matado nossos companheiros, de manhã fomos de caçamba e passamos o dia e noite; muito triste quando os corpos chegaram no caixão com as mães desmaiadas, deu muita revolta. A gente viu os filhos enterrando um monte de caixão [...] e a gente não imaginava que iam fazer isso porque muitos estavam felizes pegando rancho e dançando, era uma coisa que ninguém esperava [...] na verdade nessa época do massacre foi uma tragédia”4
Concita compreende que “o ataque da Curva do S” foi uma situação imprevisível na época porque o MST estava conseguindo roupas e alimentação, de forma que a recordação festiva que muitos acampados estampavam em seus rostos com a aquisição de alimento, contrastou com a interrupção do sono dos acampados que não estavam na “Curva do S” ao serem subitamente noticiados sobre o ocorrido com seus amigos e familiares. A memória festiva do alegre banquete dos acampados e sua sobreposição à imagem desoladora da chegada dos mortos no velório são interpretados atualmente pela narradora como uma das mais duras lições da “pedagogia da luta”, posto que “mesmo quando a classe trabalhadora tem conquistas, a vigilância tem que ser redobrada”.
A rememoração do 17 de abril deve ser, segundo Concita, uma mistura de alegria e luto, banquete da vida versus banquete da morte, pois remonta, de um lado, a lembrança daqueles que lutaram, por outro exige dos sobreviventes lutar permanentemente para que outros massacres sejam evitados. Nessa teia de resistências e lutas para descrever o processo de superação do “estado de choque” que acomete as vítimas da barbárie, a professora Deusamar Sales nos transporta para o interior daquela madrugada. Ei-la:
“No primeiro momento foi o choque, foi o estado de choque, por que quem não estava lá dentro, quem não sofreu diretamente a represália do massacre, estava aqui fora e teve que assumir toda a carga que tinha, todas as delegações que vinha do brasil e do mundo para cá [...] No primeiro momento todos nós ficamos muito abalados emocionalmente sim, tinha que ficar de pé, tinha, por que tinha que conduzir as coisas. Ficamos a noite inteirinha no escuro, era o único telefone que a gente tinha na época. Na época tinha um dos (colaboradores) da Pastoral, aí nós ficamos a noite inteirinha atendendo o telefone e passando informação para a Secretaria Nacional e daí pro mundo inteiro. E a gente estava no escuro e ficava ouvindo toda movimentação na delegacia, por que ficava quase na esquina. E a gente tinha medo de eles perceberem que a gente estava ali e ir lá nos matar [...] e aí a gente ficava a noite inteirinha descalço pra não fazer barulho, no assoalho, que era de madeira, né? Com as luzes tudo apagada, nós ficamos a noite inteira no escuro [...] telefone tocava nós tirava logo do gancho, e falando baixinho... do dia 17 para o dia 18”.5
O primeiro ato de resistência que se impôs ao MST para enfrentar a barbárie do Massacre de Eldorado dos Carajás foi a urgência em reconstruir a narrativa em sua própria perspectiva, esse tear narrativo era condição imediata para a recuperação dos corpos dos 19 trabalhadores. O diálogo quase subterrâneo realizado próximo à delegacia pelas militantes do MST de Marabá informando o ocorrido às instituições de defesa dos direitos humanos e ao setor de comunicação do MST, situados em outras partes do Brasil, consistia numa ação simultânea de denúncia e recomposição da violência perpetrada.
Nesse sentido, combater as curvas da barbárie exige maestria na arte de narrar na escuridão, de cultivar nesse ofício o criativo potencial revolucionário para (re) construir cenários que se antecipem às práticas bárbaras que emergem no presente. Igualmente, perceber a atualidade do Massacre de Eldorado dos Carajás significa entender que as mesmas estruturas políticas de desestruturação da vida não apenas persistem no presente, mas são extremamente criativas para redesenhar novas possibilidades de violência, pois a “arte de matar”, mencionada por Maria Raimunda, desnuda outras curvas da barbárie que desafiam o horizonte da justiça social.
Hoje, 17 de abril de 2020, somos confrontados com a tarefa permanente de manusear as experiências dos testemunhos, tanto no sentido de honrar a vida daqueles que tombaram como entrelaçá-los à compreensão de nossas práticas políticas emergentes. Ora, como enfrentar a escuridão sombria que recobriu as cidades de Eldorado e Marabá naquele dia? Quais sentidos são capazes de imobilizar o ecoar dos fogos que comemoravam a morte dos sem-terra nas fazendas? Essas interrogações aconchegam respostas no próprio papel revolucionário que se infiltra no ato de lutar e narrar: foi através da escuridão mortífera que se insurgiu a coragem e inspiração de Deusamar para narrar os acontecimentos; igualmente, os fogos de vibração do latifúndio que aterrorizavam os sobreviventes no passado, hoje, e pelo jogo mesmo da resistência, são evocados em todos assentamentos e acampamentos da região para rememorar e fortalecer a luta pela terra!
É importante destacar que desde a democratização de nosso país, pela primeira vez os movimentos sociais e outras iniciativas igualmente democráticas da vida política não podem ser exercidas de acordo com as manifestações convencionais de reivindicação. Entremeados pelo atual contexto histórico, não podemos negar que a memória da “Curva do S” anuncia e nos reporta ao impacto dos efeitos da covid-19, pois, afinal de contas, a ineficácia do governo brasileiro em obter o dito “achatamento da curva” nos remete, não a uma comparação grosseira entre a “Curva do S” e a “Curva da covid-19”, mas sim a transfiguração das condições monstruosas que permitiram na época e permitem, hoje, a generalização da barbárie! Alguém pode negar que as comunidades e pessoas mais atingidas com a pandemia no sul e sudeste do Pará não seriam os povos do campo? Cientes dos requintes de crueldade que foram mobilizados para o massacre do 17 de abril de 1996, poderíamos ignorar que este momento atual não está sendo visto como uma oportunidade para esses grupos avançarem furiosamente sobre os direitos e territórios de camponeses, indígenas e quilombolas, dentre outros?
O curso perigoso e incerto – semelhante a uma curva na estrada – que visibilizamos não é uma previsão determinista, mas um sinal de alerta para que possamos, pelo jogo mesmo do perigo e das ameaças, construir estratégias de ação política. Desse modo, não seria interessante a participação de representante dessa diversidade no Comitê de Enfrentamento ao covid-19 em alguns municípios [Marabá, Parauapebas, por exemplo], ao invés de permitirmos que comerciários e industriais monopolizem assento nessas instâncias? Esse espaço significa, para além do acompanhamento dos casos, a possibilidade de mapear as pressões econômicas e políticas na região, as dobras de articulação entre judiciário e legislativo, a possibilidade de expor diretamente as necessidades objetivas de setores sociais geralmente esquecidos pelo poder público, bem como disputar no campo discursivo a narrativa dos acontecimentos.
As experiências acumuladas com os povos do sul e sudeste do Pará por meio da Faculdade de Educação do Campo e seu lastro histórico de combate e denúncia contra as famigeradas desigualdades sociais nos impõe o dever de externalizar a relevância política das pesquisas desenvolvidas, arrancando-nos dos ditos “gabinetes” universitários e das publicações acadêmicas tradicionais para o desconfortável chamamento ético. Seguindo as trilhas das narradoras aqui evocadas, almejamos ter a coragem para adentrar na escuridão e romper o pavoroso ciclo das curvas da barbárie.

Notas de rodapé:
1 PROCESSO - Ação Penal número 786/96 - Comarca de Curionópolis. Autor: Justiça Pública. Réus: Cel. P. M. Mário Colares Pantoja e outros; RELATÓRIO - Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos (1998-2000); NEPOMUCENO, Eric. O massacre: Eldorado dos Carajás: uma história de impunidade. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007.
2 ISABEL, Rodrigues Lopes Filha, Entrevista Oral [gravada] realizada por Ana Crys Delgado da Silva; Idelma Santiago da Silva; Jerônimo da Silva e Silva; Kezia Vieira de Sousa Farias. Transcrita por Ana Crys Delgado. Marabá-PA, 07 de dezembro de 2017. 2h54min.
3 MARIA RAIMUNDA Sousa. Entrevista Oral [gravada] realizada por Ana Crys Delgado da Silva; Jerônimo da Silva e Silva; Kezia Vieira de Sousa Farias. Transcrita por Ana Crys Delgado. Marabá-PA, 24 de maio de 2017. 2h54min.
4 Maria da Conceição Carneiro Ferraz. In SILVA, Jerônimo da S. Memória Social e Luta pela Terra: A renovação do conteúdo escolar a partir das memórias das lutas pela terra no assentamento Palmares II. Programa Institucional de Bolsa de Extensão (PROEX). Marabá: Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, 2016-2017.
5 Deusamar Sales Matos. In SILVA, Jerônimo da S. Memória Social e Luta pela Terra: A renovação do conteúdo escolar a partir das memórias das lutas pela terra no assentamento Palmares II. Programa Institucional de Bolsa de Extensão (PROEX). Marabá: Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, 2016-2017.

AUTOR:
*Antropólogo. Coordenador do Núcleo de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade (NUADE). Docente na Faculdade de Educação do Campo (FECAMPO/ICH), no Programa de Pós-Graduação em Dinâmicas Territoriais e Sociedade na Amazônia (PDTSA), Programa de Pós-Graduação em História (PPGHIST) e Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação Escolar Indígena (UEPA/UNIFESSPA/UFPA/UFOPA). Líder do Grupo de pesquisa LEBARA: Religião & Sociedade (CNPq/UNIFESSPA). Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. Contato: prof-jeronimo@hotmail.com

Até mesmo a retidão é proibida... Em nome do “mito” (paradoxos)



Henrique Mandetta nunca foi um político ligado a defender causas sociais. Porém, enquanto ministro da Saúde, agiu de forma correta, em consonância com as recomendações da OMS em relação ao COVID-19, mas – e justamente por isso - foi demitido.
Olivaldi Azevedo, diretor de Proteção Ambiental do Ibama, achou que poderia fazer sua obrigação de proteger os indígenas de ataques de madeireiros no sul do Pará. Adivinhe também acabou exonerado.
Até mesmo o governador Dória, um liberal defensor do Estado mínimo, mas que sempre se apropriou do orçamento público, agora se tornou inimigo do atual governo federal e passou a ser taxado até mesmo de comunista, simplesmente por intensificar e prorrogar a quarentena no Estado de São Paulo, que concentra a maioria esmagadora dos casos de COVID-19 no País.
A própria Rede Globo, que historicamente apoiou o golpe militar de 64 e fez até campanha contra a criação do 13º salário para trabalhadores, hoje também é inimiga Nº 1 do atual governo, simplesmente porque, num surto de jornalismo sério, resolveu criticar pontualmente algumas ações do governo.
Todos esses exemplos servem para mostrar dois fenômenos: o primeiro é que o atual governo federal prioriza o erro, prima pela morte, apoia a desgraça. Tanto é verdade que todos esses atores citados se tornaram inimigos porque mostraram virtudes e não falhas. Mas isso muitos de nós já sabíamos.
Porém o segundo fenômeno é mais estarrecedor ainda: todo esse comportamento doentio do atual governo tem grande apoio popular, grande mesmo. Isso revela que há uma seita se consolidando no Brasil, uma seita que adora o “mito”, faça ele o que fizer, e todos que se opõem ao “mito” são transformados imediatamente em inimigos.
Os adoradores deste “jumento de ouro” estão tão alienados de tal forma que são incapazes de perceber isso, são incapazes de sair da caverna.
Senão, vejamos:
Evangélicos a favor da pena de morte e fazendo “arminha” na igreja;
Católicos decepcionados com o Papa e chamando-o de comunista;
Trabalhadores assalariados defendendo o fim dos próprios direitos.
Tudo isso em nome do “mito”.
Se isso não for um estado de alienação, que outra coisa será?
(Chagas Filho)

“Aqui chegamos, enfim
A um ponto sem regresso
Ao começo do fim
De um longo e lento processo
Que se apressa a cada ano
Como um progresso insano
Que marcha pro retrocesso
E é só o começo”.
Lenine (Isso é só o começo)


quinta-feira, 16 de abril de 2020

COVID-19 avança no Pará... apesar dos esforços (veja o gráfico e fique em casa)


Ainda que uma grande parcela da população brasileira se comporte como se estivesse na Idade Média, descrendo dos fatos e da própria ciência, o novo Coronavírus é uma realidade, que está para além dos achismos e da polarização política que contaminou toda atmosfera do País. E aqui no Pará, onde o governo do Estado, para surpresa de muitos – inclusive minha -, bateu de frente com o confuso governo federal e iniciou uma intensa luta contra a doença, os números também começam a assustar. Até ontem (15) já eram 487 casos com 21 mortes. Foram 103 novos casos em apenas 24 horas.
No gráfico abaixo – produzido pela SESPA - é possível ver a ascendência extraordinária da doença. Desde o primeiro registro, em 19 de março, se passaram 26 dias e nesse período 18 pessoas se infectaram diariamente, numa média de um caso novo a cada 80 minutos. Não é pouca coisa.

Chama atenção no gráfico acima a linha vermelha, que indica as mortes. O primeiro óbito ocorreu no dia 1 de abril. De lá para cá foram mais 20, praticamente uma morte a cada 36 horas.
Por idade
Para entender qual a faixa etária mais afetada pela COVID-19, a SESPA dividiu o povo paraense em oito faixas etárias e é notório como três delas concentram a grande maioria dos casos (278), que são justamente as pessoas com idade dos 30 aos 59 anos, que é justamente as pessoas que estão na ativa no comércio e já não são tão mais jovens assim. Além disso (veja abaixo o gráfico), a quarta faixa com mais casos é justamente das pessoas que têm entre 20 e 29 anos. Isso quer dizer que essas pessoas não estão em isolamento ou fazem um “isolamento parcial” (como é o meu caso), se é que esse termo existe.

Em relação ao número de municípios, até ontem 42 municípios registravam pelo menos um caso da doença. Vinte e quatro horas antes eram 33 municípios, ou seja, novos casos pipocaram em nove municípios em apenas 24 horas.
Certamente, esses números serão atualizados no decorrer desta quinta-feira, por isso – caso seja possível – fique em casa. Do contrário, saia somente quando necessário e que seja para lugares imprescindíveis.
Em Marabá
Com cinco casos (sendo três confirmados ontem), o município não vive o terror de Parauapebas (que tem 15 casos). Por aqui algumas medidas têm sido tomadas de forma repressiva, com fechamento de bares e isolamento de praças, mas o comércio funciona praticamente normal (a exceção é praticamente apenas o shopping e as escolas particulares). Não há incentivo para a fabricação de máscaras, com recurso público em parceria com a iniciativa privada, como acontece em Parauapebas.
Complicado.
(Chagas Filho)

quarta-feira, 15 de abril de 2020

COVID-19: SESPA começa a distribuir testes rápidos

Os 384 casos de COVID-19 no Pará, confirmados pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) até as 19h320 de hoje (15), estão espalhados em 33 municípios. Enquanto isso, a Sespa começou a distribuir, na terça-feira (14), aos municípios paraenses, aproximadamente 15 mil testes rápidos destinados exclusivamente para detectar anticorpos do novo coronavírus em profissionais de saúde e profissionais da segurança pública.
Segundo informação da Agência Pará, o repasse faz parte do primeiro lote de um total de cinco milhões de testes rápidos adquiridos pela Vale e doados ao Ministério da Saúde. (Fonte: Ag. Pará)

É isso!


Parados desde janeiro de 2013, reabrimos agora nosso blog Marabá Terra Bendita, por entendermos que o momento exige um espaço de posicionamento crítico em relação aos acontecimentos de nossa sociedade. Trata-se de um projeto pessoal, sem fins lucrativos, inserido em um espaço dedicado à publicação de informações de cunho jornalístico e também acadêmico, com temas pautados na defesa dos direitos humanos e da igualdade social.

Reforma Agrária: Jornada Universitária será pela rede social


Movimentos sociais do campo e acadêmicos da Unifesspa, UEPA e IFPA – Campus Rural de Marabá, iniciam nessa quinta-feira (16) mais uma edição da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) no sudeste paraense.
Neste ano, a JURA terá o formato de um ciclo de debates virtuais em torno do tema “Território, dignidade e vida na Amazônia em tempos de pandemia: cenários atuais e perspectivas pós covid-19”. O primeiro debate ocorrerá nesta quinta, dia 16, às 19h, com os seguintes debatedores: Polliane Soares (MST), Jerônimo Silva e Bruno Malheiro (Unifesspa).
Novos debates ocorrerão nas semanas seguintes, sempre nas quintas-feiras e no mesmo horário. O debate será realizado virtualmente, através do Facebook. Para acessar o evento, acesse os links:
https://www.facebook.com/JURA-Sudeste-do-Par%C3%A1-104837634531040/

A JURA é uma iniciativa do MST e de grupos universitários de todo o país, voltada à realização de debates, feiras, palestras e atividades culturais relacionadas ao tema da reforma agrária.
Além de atualizar essa pauta no cotidiano da vida acadêmica, a JURA mantém viva a memória do Massacre de Eldorado do Carajás, triste episódio ocorrido em 17 de abril de 1996, quando 19 camponeses sem-terra foram mortos pela Polícia Militar e dezenas de manifestantes ficaram feridos em uma marcha pela desapropriação de terras no sudeste paraense. (Chagas Filho)