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terça-feira, 20 de outubro de 2020

O caso Infraero: Justiça para quem?

Repare bem: em Marabá, temos um condomínio luxuoso cuja entrada principal fica no final de uma grande avenida, no bairro Belo Horizonte. O final da avenida foi simplesmente bloqueado para fazer o condomínio.

E não é só isso: os fundos do mesmo condomínio ficam dentro da mata ciliar do Rio Itacaiúnas, configurando crime ambiental. Já houve processo judicial em relação ao assunto, mas os prédios continuam ali e seus moradores nunca foram incomodados com a possibilidade de despejo. Mas, mesmo assim, procure informações sobre isso no Google, você não vai achar nada.

Pensa que acabou? Não. Uma imensa área de varjão em Marabá está em nome de um grande empresário local.

Tem mais: várias casas comerciais – inclusive posto de combustível – estão sob a área de influência do aeroporto de Marabá.

Agora adivinhe quem a Justiça Federal quer expulsar de casa num prazo de 30 dias: famílias pobres que moram na ocupação da Piçarreira na área da Infraero.

Uma das alegações é de que as casas estão em risco porque os aviões voam muito baixo devido às operações de pouso e decolagem.

Pergunto: Os comércios instalados ali não estão sob o mesmo risco?

Grande parte do Amapá também não está?

A mata ciliar do Rio Itacaiúnas também não foi antropizada pelo condomínio luxuoso?

Por que os pobres incomodam tanto o Poder Judiciário?

Como diria Renato Russo, “Essa Justiça desafinada é tão humana e tão errada”.

 

(Chagas Filho, jornalista e pedagogo)

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

O dinheiro nas nádegas e sua relação com o presidente

Não fale que o vice-líder do governo Bolsonaro é do governo Bolsonaro, só porque ele é vice-líder do governo Bolsonaro. 

As coisas precisam ficar bem claras: o vice-líder do governo no Senado é nomeado pelo presidente da República. No caso do senador Chico Rodrigues, flagrado pela Polícia Federal com dinheiro entre as nádegas, a ligação com o presidente é mais concreta ainda. Ambos são amigos há 20 anos, inclusive o próprio Bolsonaro classifica a relação dele com Chico como uma quase “união estável”. Mas a ligação não para por aí.

Quando Bolsonaro queria indicar seu filho Eduardo Bolsonaro para ser embaixador nos EUA, Chico Rodrigues foi indicado para ser o relator do processo no Senado. Felizmente a experiência de fritar hamburger na Terra do Tio San não foi suficiente para inflar o "lattes" do "Zero um" a ponto de alça-lo à condição de embaixador. 

E tem mais coisa:

O famoso Léo Índio, que é “brother” de Carlos Bolsonaro, filho "Zero 3" do presidente, era até ontem (15/10) assessor de gabinete de Chico Rodrigues e só saiu agora depois do escândalo. A nomeação de Léo Índio foi uma indicação do presidente e não se sabe exatamente o que ele fazia no gabinete do senador do cofrinho.

Diante de tudo isso, quem tem olhos para ver verá que a relação do presidente com todos esses corruptos é umbilical, porque ele também é desonesto. Sempre foi e dificilmente deixará de ser. Mas ainda posa de honesto, mesmo diante de mais um escândalo envolvendo dinheiro sujo.