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segunda-feira, 27 de abril de 2020

Entidades pedem que prefeitura de Marabá use royalties da mineração no combate ao coronavírus



Em manifesto, 12 entidades cobram da prefeitura de Marabá mais transparência nas informações sobre as ações de combate ao coronavírus e também no repasse das informações sobre os números reais da doença no município. O documento também sugere medidas de atendimento à população. Chama atenção nesse item a exigência de que o município invista recursos dos royalties (CFEM) da mineração que recebe, para a compra de EPIs aos profissionais de saúde e também para o aumento do número de UTIs.

Leia abaixo a íntegra do documento:
Manifesto para o combate ao Coronavírus em Marabá
É mundialmente reconhecido que a melhor forma de evitar a curva ascendente dos casos de Covid 19 é o isolamento social para impedir o crescimento dos contágios e o posterior colapso dos sistemas de saúde. Entretanto, a adesão ao isolamento social por parte da população está diretamente associada à clareza de informações disponíveis sobre a proliferação da doença em seu município/região, bem como à ações do poder público para efetivar a quarentena e evitar a continuidade de atividades que geram quaisquer tipos de aglomeração social.
Em Marabá, são incontáveis os números de denúncias de pacientes que chegaram a hospitais de referência da cidade com todos os sintomas de Covid 19 e são encaminhados ao isolamento social em casa sem serem devidamente testados. Portanto, não há uma ação clara por parte do poder público municipal de testagem da população, o que deságua em informações e boletins informativos confusos, sem nenhum detalhamento e que, por isso, não refletem a situação real da doença no município.
A testagem da população e a veiculação de informações detalhadas, como a idade, tipos de comorbidade das pessoas infectadas, bem como o nível de infecção dos profissionais de saúde, que estão expostos à doença, muitas vezes, sem os EPIs necessários, além da distribuição espacial dos casos confirmados na cidade, são instrumentos fundamentais para o combate à Covid19, pois ajudam no entendimento de como a doença está atacando a população e na condução de um planejamento de combate à disseminação do vírus.
A confusão, subnotificação e falta de detalhamento dos informativos em Marabá têm levado a uma falsa sensação de contenção do vírus em nossa cidade, e essa sensação de normalidade produz decisões públicas e privadas que podem ser catastróficas à curto-médio prazo, como a persistente abertura de estabelecimentos comerciais não essenciais, o funcionamento cotidiano normal de atividades que promovem aglomerações, assim como a perigosa confiança de parte da população em continuar saindo de casa indistintamente e sem nenhuma proteção. A situação do Amazonas em que o sistema de saúde já entrou em colapso e a do próprio Pará, à beira do colapso, exige-nos responsabilidade para com todas as nossas ações.
Por isso, o conjunto de entidades e organizações abaixo assinadas, exigimos da Prefeitura Municipal de Marabá mais transparência nos dados sobre os casos de Coronavirus identificados na cidade, uma ação mais enérgica e bem articulada de testagem da população, uma ação mais efetiva para o cumprimento da quarentena na cidade, um investimento de recursos, inclusive dos royalties da mineração que o município recebe, para a compra de EPIs aos profissionais de saúde e para o aumento do número de UTIs, além de uma ação social coordenada de auxílio econômico à população mais vulnerável que já está sofrendo por não ter como acessar os recursos básicos para sobreviver. Nesse sentido, como Marabá é uma cidade com vários assentamentos de reforma agrária e possui um entorno rural com significativa produção de alimentos e pescado, também exigimos da Prefeitura um plano de aquisição de alimentos saldáveis de pequenos agricultores e pescadores para garantir a segurança alimentar da população do município.
A omissão agora pode custar muitas vidas amanhã!
Assinam esse manifesto: SindUnifesspa, Sindicato dos Trabalhadores em Saúde Pública do Estado do Pará (Sintesp/PA), Sindicato dos Urbanitários, Central Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), Colegiado do Curso de Licenciatura Plena em Educação do Campo – Unifesspa, Sindicato dos Peritos do INCRA (SindPFA), Sinasefe, Sintepp – Subsede Marabá, Sindifes, DCE Unifesspa, PSOL Marabá e Emancipa.