Ao contrário do que se poderia imaginar, o clima
continua tenso na Fazenda Cedro. Depois de todo o tumulto de ontem e da saída
dos policiais do local, levando consigo os agentes que fazem a segurança da
fazenda, os integrantes do MST ocuparam de vez a sede da propriedade.
Como se sabe, ontem ocorreu conflito entre membros
do MST e os seguranças, que teve como saldo 16 camponeses baleados.
Autoridades do setor, vindas de Belém e de Brasília,
iniciaram reunião na manhã de hoje para tentar chegar a um acordo sobre a
propriedade, mas, enquanto isso, a tensão continua na Fazenda Cedro.
Policiais do Grupo Tático Operacional, da Polícia
Militar, e também da Delegacia de Conflitos Agrários, da Polícia Civil, já se
deslocaram para a fazenda a fim de verificar o que realmente está ocorrendo.
A Assessoria de Comunicação do Grupo Agro Santa
Bárbara, que é dona da fazenda, informou à Imprensa que os integrantes do MST ocuparam
a sede da propriedade e estão saqueando as casas dos funcionários e quebrando o
que veem pela frente.
O local está sem proteção policial. Assim,
funcionários e patrimônio ficam à mercê dos invasores. É o que denuncia a Agro
Santa Bárbara.
Para a empresa agropecuária, que é dona de meio
milhão de hectares nesta região, o ato praticado hoje pelo MST joga por terra a
versão contada ontem por eles mesmos de que protestavam pacificamente em frente
à propriedade.
Embora tenham sido procurados, nem
MST e nem CPT se pronunciaram sobre este assunto.
No dia de ontem as entidades emitiram uma nota afirmando
que dentro da Fazenda Cedro existe uma área de 826 hectares, que pertence á
União, mas que era usada pela Agro Santa Bárbara como se pertencesse à empresa.
Essa área foi desapropriada e entregue ao Incra para
o assentamento de famílias, como confirmou o próprio superintendente regional
do Incra em Marabá, Edson Luiz Bonetti.