O que é esse arzinho, esse fôlego que entra e sai?
O que é esse viço que faz o olho brilhar e quando some já era?
Que coisinha é essa que fica passeando pela gente, fazendo o olho enxergar, a boca falar, o cérebro pensar, as pernas mexerem?
Quem sabe dizer o que tudo isso quer dizer?
Há teorias de sobra, mas só há isso e mistério.
E o que se leva da vida? Para que fazer planos, se tudo pode ser cancelado, rompido pelo mal irremediável?
As contas pra pagar, a casa por pintar, os filhos pra criar, o netinho para visitar, o carro novo pra comprar, aquela viagem que nunca fiz, aquele restaurante que nunca visitei, o beijo que não roubei, aquele amigo de quem tenho saudades e desejo vê-lo, mas nunca tive tempo para isso... Nada.
Tudo fica para trás.
Por isso é essencial que a gente seja gentil com qualquer pessoa, afinal cada lembrança guardada na retina pode ser a última imagem, a última impressão, e eu acho que é isso que importa. Afinal tudo acaba no instante em que aquele folegozinho te abandona, sai pela última vez de seus pulmões, vai embora e não volta mais. Aquele arzinho invisível que alguns dizem pesar 21 gramas.