Às vezes eu acho que nós, os meros mortais, somos como marionetes na mão do sistema.
E às vezes eu tenho certeza disso.
Refiro-me a nós, os que passamos longe das grandes decisões de governo.
Nós, os que sentamos longe das mesas de mármore onde os homens decidem quem vai morrer e quem vai viver.
Esse prolegômeno sem graça serviu para dizer que ninguém pode ser tão mal a ponto de negar atendimento a uma mãe grávida de gêmeos. Mas quando os grandes banqueiros e investidores impõem suas regras sobre o Estado, eles nos colocam numa arena, semelhante ao que fazíamos com as formigas da nossa infância.
Ao se tornar refém do sistema e da própria corrupção, os governantes diminuem os recursos da saúde, da educação, da moradia, da segurança, enfim: dos direitos básicos garantidos pela letra morta da nossa constituição de araque.
Com isso, os que procuram os hospitais, em noites de insônia e doença, acabam dando com os burros n’água e morrendo nas filas cheias de gente pobre, como nós.
Com isso, os agentes do Estado que estão no front são obrigados a olhar para a cara de seu semelhante e dizer “NÃO”.